segunda-feira, fevereiro 01, 2010

...ai o Gregório...


Não se trata de nunca ter visto ou ouvido relatos, histórias acerca dos desejos de gravidez; tive o caso da minha irmã mas eu era novo e não me lembro muito bem e o caso da minha Professora no ginásio, Renata, o problema está que também não me lembro muito bem. Pode ser triste mas era só para dizer que ouvi e ouvi (mas pelos vistos, não retive "um cú!").
Mas algumas coisas eu sabia! A necesidade de comer com inteervalos de hora e meia em pouca quantidade, a primeira refeição da manhã com alguma susbtância, dado as horas em que o corpo esteve inactivo mas a dispender energia para o feto, o desconforto do reposicionamento dos orgãos do corpo humano, as dores nas costas, pernas e pés.
E as dores nas minhas mãos e costas de estar dobrado a fazer massagens à Ana e dores no ombro de transportar a mala, a malinha (!) que as senhoras utilizam que mais parece ter um tijolo dentro.

Momentos houve em que eu não sabia para que lado me havia de virar
Uma vez a Ana veio ter comigo e almoçámos juntos; ela veio de comboio sem problemas, entrámos no restaurante onde vou algumas vezes, escolhemos sorridentes a comida e conversámos. Continuámos quando a comida veio a conversar bem até que a meio do prato começou, literalmente a definhar - cansaço, perda de força, baixa de tensão. Isto, para quem minutos antes havia efectuado uma pequena viagem de comboio e agora pedido o prato favorito (para uma ex-vegetariana(!)), bitoque bem passado. Fui buscar o carro enquanto uns clientes seguravam e tomavam conta da Ana que tinha vomitado para o chão, em plena hora de almoço.
Pedi mil desculpas e agradeci os cuidados ao mesmo tempo que uma senhora me dizia que era melhor ir directo para a Maternidade Alfredo da Costa, bem mais perto do que o Hospital da Amadora.
Com a Ana a tremer no banco do passageiro, fui o mais depressa que pude do Largo do Carmo à Maternidade, de 4 piscas ligados e faróis acesos para me verem melhor, mais ou menos a conduzir calmamente rapido para que a Ana não se enervasse mais - já bastavam as buzinadelas que dava nos cruzamentos quando passava os sinais vermelhos mas tinha de ser porque era bem mais importante a Ana do que uma multa qualquer).
Horas em espera, exames efectuados e estava tudo bem com a mãe e o bebé.

Noutra vez em casa, a Ana teve uma vontade enorme de jantar um hamburguer do Burguer Ranch no Continente da Amadora. Ela até nem se estava a sentir mal e depois de alguns dias com desejo de hamburguer do Burguer Ranch e a ter de comer o que havia em casa, mesmo cansado lá fomos. As primeiras dentadas souberam fabulosamente bem e eu sempre a perguntar se estava tudo bem; descontrai-me uns segundos e dei umas dentadas no meu hamburguer até reparar que a Ana estava com um olhar vidrado, fixo no vazio, desesperada por (já) saber o que aí vinha. E eu também. Olhei em volta e pegando na metade que restava, disse-lhe - "Olha...é p'ró tabuleiro. Não te preocupes."
E foi mesmo.
Já antes tinha olhado em volta para as outras pessoas que estavam a comer e imaginado uma reacção em cadeia consequência do vómito. Só vi cenas assim nos filmes e era sempre hilariante. Mas não. Não aconteceu nada.
(suspiro)
Peguei no tabuleiro depois de me assegurar que ela estava bem enquanto me dizia - "Não percebo... até estava a saber bem...!". Procurei uma empregada, expliquei a situação e pedi um saco do lixo vazio. Quando voltei para ao pé da Ana, lembrei-lhe uma frase que a minha irmã havia dito aquando numa visita a casa deles acerca dos vómitos - "Ora bem...deixa cá ver o que vou vomitar para saber o que vou comer!". E era essa a verdade; entreguei-lhe a outra metade do hamburger e o resto da noite correu normalmente.

Só poderei ver cenas em que a malta desata a vomitar, tipo encadeamento de dómino na televisão. Mas là em casa à frente da televisão presenciei mais uma visita do "amigo (da onça) Gregório". Foi num fim de semana e tão pouco me lembro do que cozinhei mas era bom e a Ana estava a gostar. Sentada no sofá a ver os Simpson's enquanto eu colocava o meu prato vazio na cozinha quase dei passos no ar de fazer inveja ao Super-Homem quando ouvi os sons familiares de vómito vindos da sala.
A Ana pensou que era chato limpar vomitado do tapete, daqueles tapetes tipo felpudo todo preto, o "gregório" foi todo para o prato que ainda tinha comida. O olhar de esforço e incredibilidade dela era de meter dó. E o meu sentimento de impotência aumentava.

(suspiro)

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