terça-feira, novembro 16, 2010

A imaginação não deixa o sono tomar conta...


.... ou será o contrário?!

Pois é. O sono de um é a inquietude do outro. Gaita! É o contrário... a inquietude de um é o sono do outro, assim é que é.

Por vezes o Gabe acorda durante a noite com o que eu apelido de "sonito mau"; acorda e quase imediatamente grita um grito de desespero. Não é fome. É o mesmo grito que dá durante o dia quando o deito na alcofa, não para dormir mas apenas para o colocar a brincar com a bonecada do ginásio. Não resulta lá muito porque a bonecada não dá luta, não responde. Ele não gosta de estar sozinho mas é de noite e a hora é de sonito.
Quando chego ao pé dele de madrugada, sento-me na cadeira estrategicamente colocada ao lado do berço e assim que faço um carinho e lhe coloco a chupeta na boca, ele vira-se para o lado e apaga. Mas isto não quer dizer que me possa ir embora porque para "um inquieto" (ele), "sonolento e meio" (eu) - já sei o que a casa gasta e um ou dois minutos após se virar para o lado, ele mexe-se como para acordar, isto quando ele não se vira e fica algum tempo com os olhos abertos, nariz quase encostado a uma almofada tipo chouriço com a qual o aconchego. Deve gostar do padrão do tecido ao luar! Portanto, nada de me levantar e ali fico a embalá-lo um pouco, sentado na cadeira, fechando aos poucos os olhos.
Frio, eu? Pois para combater a frieza da madrugada, também estrategicamente me deito vestido (calma), com umas calças de fato treino quentinhas (não gosto de pijamas) e uma camisola tipo polar de golas altas.
- Ah, poi não, queres ver!?
Adormecer, eu? Pois concerteza e acredito que primeiro do que ele, coisa que não sei porque quando dou por mim com (mais) dores de costas, mexo-me e o pescoço estala devido ao peso da minha cabeça pendente, som que se ouve perfeitamente no silêncio da madrugada e me abre mais a pestana. Olho para o Gabriel e já (ou ainda) dorme e fico a pensar que se calhar era melhor ir andando para a cama senão ainda fico com a forma da cadeira e faço figura de maluquinho quando for apanhar o comboio para o trabalho.

Havia de ser giro um tipo a andar pela rua em direcção à estação da Amadora, como se estivesse sentado numa cadeira! Tinha sempre lugar mesmo que não o houvesse e era capaz de enganar muitos ao sair... ainda pensavam que levaria o lugar comigo - "Olha o egoista... até leva o lugar com ele!" - e eu respondia - "Não, minha senhora / meu senhor... só sou Pai!"

E ele fica a dormir e eu saio pé ante pé, tentando não tropeçar em nada ou pisar o gato que se levantou e veio ver o que eu iria fazer "àquela coisa que por vezes faz barulho e esbraceja". Dependendo do Gabe, as noites podem até ser bem passadas, sem "sonitos maus".
Por volta das 06:00 já às vezes o ouço a bocejar, os primeiros sons, suspiros prolongados e fico logo a pensar - "Deixa cá ver os próximos sons como são, se demonstram inquietude (fome) ou não!".

De resto, é a saudação do costume - O Melhor Cumprimento Matinal, O Melhor Sorriso, A Melhor Maneira de Começar o Dia.
É bebé.
É Gabe, the babe.