terça-feira, setembro 28, 2010

Os bebés são como as tartarugas + 1 novidade

Não sei porquê mas o começo desta frase não me é estranho!
Mas é verdade.

Podemos dizer que o Gabriel partiu para as descobertas; não descobriu a pólvora mas volta e meia ouvem-se uns estalidos provenientes do interior da fralda e como se costuma dizer quando há som... também há cheiro (e acompanhamento!). É claro que, e no que respeita ao título em questão, nestas ocasiões é mais parecido com um cágado na versão Acordo Ortográfico.

Já havia descoberto as bolhinhas e o som prolongado com os lábios que só pára quando o ar se esgota nos pulmões e os perdigotos finalmente pousam. A última descoberta que fez foi a de que não gosta lá muito de sopa e a penúltima foi a de que tem uma língua.
Num dos discursos que a propósito, estão a tornar-se como os de Fidel Castro (looongos...) mas estes acabam com a intervenção popular, fui confrontado após alguns segundos (poucos) de silêncio e com uma lingua de fora virada para mim. Talvez o discurso fosse contra os Revolucionários (nomeadamente, eu) que não deixam os bebés falar à vontade mesmo quando a birra é de sono e ele(s) gosta(m) é de gritar e esbracejar.

Mas sono é sono e as sopas, Gabriel, não são todas iguais e lamento... não tens safa possível, filho. Nem eu nem a tua mãe porque a sopa de que não gostas terá de ser comida por nós mas com um bocado de sorte, pode ser que o gato Patitas lhe dê destino.

Por enquanto, ainda faz descobertas por fases e já penso no que não queria - quando as juntar todas num único momento... não haverá babete que aguente!

Mas tal como as tartarugas num aquário, no berço o Gabe descobriu que ao aplicar força nas pernas, consegue virar-se e que se fizer força a mais, fica quase de barriga para baixo, com um braço debaixo do corpo e aí só lhe resta "chamar" através de um lamento prolongado - " Ããããããããã... Ããããããã..." - do estilo - "Tira-me daquiiii..."

É assim, a tartaruguita Gabriel.


P.S.: Sim... na foto o Gabe está a morder a cauda a um crocodilo numa prova de que há tartarugas carnívoras.
A novidade?
Já não se trata do Desdentado Mais Bonito do Mundo.
Temos dentito a caminhoooooooo !!!

quarta-feira, setembro 15, 2010

A hora do sonito é sagrada


... mas nem sempre levada à risca sendo quase como um católico não praticante.

Quando comecei a introduzir o Gabriel à prática do sono, fiz questão de o apresentar a Joana Pestana, de quem ele gosta umas vezes, outras nem tanto e outras agarra-a ainda ela não sonha vir ter com ele.

Depois de uma refeição, se o sonito não vier logo, vem a brincadeira e as conversas com os bonecos pendurados no ginásio: fala com eles, zanga-se, escolhe um e espeta-lhe uma sapa enquanto solta gritinhos e sons bem altos e isto dura até eu perceber os primeiros indícios da birra de sono: É um misto de choro não chorado e conversa chateada (os bonecos não respondem nem quando atiçados com uma galheta!). Nesse momento, coloco a alcofa ao pé de mim, ponho a chucha na boca e passo com os dedos pela face, sobrancelhas e nariz. E funciona.

Funciona rápido quando ele rapta a Joana Pestana e parte com ela para parte incerta; mais ou menos quando insiste, de chucha na boca numa conversa de surdos porque eu não quero ouvir aquela conversa nem ele me quer ouvir a mim; ou então é artista, come enquanto dorme, balbuceia mas não diz grande coisa e depois é só virá-lo para o lado.
Baril!

P.S.: (a 10-09) fui com o Gabriel ao Centro de Saúde para a vacina e qual o meu espanto quando no momento da pica, já eu falava com ele a algum tempo, ele continuou sorridente e nem chorou. No entanto, reparei no meio dos sorrisos, um ligeiro abrir das pupilas quando a seringa entrou na pele; olhou para mim e continuou, provavelmente por ter pensado que se eu continuava a sorrir e a falar com ele, então aquilo que sentiu não deveria de ser nada de mau. Gostava de pensar que foi o que ele pensou.
Foi uma óptima surpresa.

As conversas são uma "loucura"!


...e quem as ouvi-se ainda pensava que o pai estaria sob o efeito "daquelas coisas que fazem rir". Mas não; a droga é outra - é bebééééé!!!

Todas as conversas são em dialecto "bebelês", perceptível apenas aos mais atentos e quase tudo (para mim!), é motivo ou instrumento para uma conversa / história.
Há rituais que seguimos, tal como a mudança da fralda antes do biberon, afim de evitar levar com coisas mal cheirosas a sair de um rabito daqueles ou ter uma amostra viva do menino da fonte em Bruxelas.
Sim, já aconteceu mais que uma vez. Comigo, ainda fui a tempo de colocar um toalhete bem em cima e consegui evitar o repuxo!

Portanto, um dia antes de "uma fomica", via a fralda e nesse momento enquanto o mudava e para acalmá-lo porque já é hora e o estômago já reclama, comecei a contar uma história acerca do Melhor Rabito de Fralda das Redondezas.
Não sei se em tempos idos teria havido tal competição mas isso pouco ou nada interessa porque desde que fale com ele como ele gosta, até poderia estar a ler o Diario da República que a coisa passava por interessante.
Assim sendo, durante a muda comecei a falar com ele com a minha voz de bebé-adulto.

- Poijé Gabiel, temos de mudar uma fauda puke o rabito tem de tar limpito. um rabito limpito é um rabito bom.

A cada frase, acentuava a palavra final, aproximava-me dele, e se ele já sorria, acabava por dobrar o riso

- Xabech pukê? Puke houve uma altura em que haviam muitos rabitos de frauda e os sinhores (pausa para o fazer rir), decidiram (nova pausa), fajêr (pausa), um concurso (e nesta altura já dava gargalhada). É vedade, chim. E então... para a gente partichipar... temos de ter o rabito limpo e a fauda também.
Pois... majé o teu puke só podem cher rabitos que caibam nas fraldas.

Eu sei que quem ler isto poderá pensar que eu também poderia participar porque existem agora fraldas para adultos mas não, eu estou muito bem assim, obrigado!
Continuando...
A risada era grande e já durava a algum tempo e o resultado final foi um lindo rabito de fralda, digno de uma vitória no concurso.

Cada muda de fralda tem uma história e é uma festa, interrompida por vezes após a abertura em que o riso (o meu riso), passa a sorriso amarelo, respiração lenta e pausada, enquanto o dele é quase de gozo, de orelha a orelha - Toma lá disto!
É quase uma pausa para olhar o fogo de artifício lá bem no alto... em apneia.
A risada é retomada e a seguir é a "fomica".


É um exagero mas quase dá para ver as células a multiplicarem-se.


São 4 meses (no dia 4 de Setembro), 7 Kg e 65cm de Gabriel.

Muita atenção às coisas e a ele próprio; o Gabriel já desconfiava que os pés eram dele e é engraçado vê-lo a franzir a sobrancelha observando os pés e sem muito esforço agarra as pernas e trá-las ao peito.

O meu período de Licença de Paternidade está no fim, sendo Setembro o último mês. Desde a primeira fralda e body que alguma vez mudei e vesti, já passaram 4 meses.
Os momentos têm a intensidade que têm e as lições que o Gabriel me tem dado são fortes, algumas tão simples e no entanto carregadas de significado - desde a manhã em que acorda e nos presenteia com o maior e mais bonito sorriso desdentado do mundo até aos sons que faz nos monólogos que tem. Agora, junta-lhes bolhinhas e "gritinhos".
As conversas são excelentes e mais elaboradas até com os bonecos que estão ao pé dele.
Este é um momento de transição com a introdução das sopas e papas e com a facilidade em fazer bolhinhas, a coisa promete.


Existem, claro os momentos em que não sabemos o que fazer aquando dos choros de dor ou de birras; tudo nos passa pela cabeça, tudo e também com mais intensidade os sorrisos e as conversas que temos e agarramo-nos a isso porque (pura e simplesmente), vale a pena. A impotência em resolvê-los rapidamente como se de um interruptor se tratasse, é real mas não é nada que não se ultrapasse. porque o Amor existe. É um bebé e manifesta-se como pode e cabe-nos a nós tentar perceber "os quês".

O Gabriel está bom e recomenda-se.
O Gabriel é o Maior!