domingo, março 28, 2010

As primeiras contracções...


... às 34 semanas levaram-nos ao Hospital da Amadora. A situação grave, requereu observação afim de prevenir um nascimento prematuro.

O diagnóstico foi "Útero Cansado". A Ana ficou internada 3 dias.
Para quem pode, os hospitais e clínicas privadas permitem que se passe a noite com o doente num quarto privado, para quem não pode... fica em casa sozinho e no meu caso com o Patitas (o gato).
Mas agora a minha grávida preferida já está em casa com a recomendação de repouso absoluto, afim de evitar novas contracções antes do tempo. E está quase, assim como o quarto do Gabriel.

A parede da janela que estava laranja foi pintada da mesma cor das outras paredes (marfim) e o tecto branco foi pintado num azul claro (azul confiança). Pintar até é algo que gosto de fazer, pintar paredes mas tectos, nem por isso pois isso implica dores no pescoço e rins. Muitas.
A escolha da tinta é muito importante e até há tintas que não salpicam o que torna a tarefa bem mais fácil. O marfim das paredes foi deste tipo de tinta. No entanto, na escolha que fizemos para a tinta do tecto tivemos em conta a cor (azul confiança), agradável, suave, bonita mas esquece-mo-nos do pormenor dos salpicos.
Eu já havia pintado o tecto. Foi ao fim do dia o que quis dizer que qualquer mancha que houvesse, dada a fraca luz do quarto, só seria visível no dia seguinte. O resultado foi o esperado, visto que fomos comprar outra lata de tinta, rolo e película para proteger o chão.
Quando escolhi a película para o chão, vi num expositor uma protecção tipo fato transparente e sei que olhei para lá duas vezes, o suficiente para ver que havia mais que um tamanho. Não comprei porque já tinha decidido utilizar as mesmas roupas que ainda não haviam ido para lavar.
Nem tão pouco o facto de na vez anterior eu ter ficado sarapintado de azul (óculos, cabelo, boca, dentes), não serviu de aviso. Teimosia? (não sei...)

O tecto só precisou de uma demão e ficou perfeito mas durante a pintura os salpicos nas lentes, embora pequenos, foram os suficientes para eu não conseguir distinguir a tinta da primeira vez daquela que eu estava a aplicar. Para ajudar à festa, de vez em quando eu sentia dores no pescoço e rins, abria a boca num esgar de dor e entravam mais uns salpicos lá para dentro. Lamber os lábios para humedecê-los tinha um estranho efeito de secura. Uma secura azulada!
Comecei a imaginar-me todo azul da cabeça aos pés e veio-me à mente a imagem do Strumpf dos Óculos mas ao contrário porque esse é considerado o "esperto" lá do burgo enquanto eu apenas recebi do personagem a cor.
O barrete branco teria dado jeito porque quando entrei na casa de banho, a imagem que vi reflectida no espelho foi impagável, digna de capa de livro de banda desenhada. De boca aberta, incrédulo do estilo - "Aquele... sou eu...?", fiquei uns segundos inerte, braços ao longo do corpo e naquele momento, senti-me teletransportado para a Strumpflândia, onde quer que ela seja; cabelo, cara, óculos, lábios, dentes, orelhas e não tivesse uma sweatshirt vestida, bem podia emigrar para a Terra dos Strumpfs.

Só me apetecia estar sozinho.
E sem espelhos à minha volta.

A minha grávida evitava rir mas aprovou a pintura.
Pus férias enquanto durar a baixa dela. Repouso e o mínimo de esforço. Eu também fiz algum esforço para tirar a tinta do corpo e aguentar as dores nos rins e pescoço.
Parece que terei de adiar a minha viagem à Terra dos Strumpfs. A minha grávida e o Gabriel são bem mais importantes.
Contudo, há uma questão que me intriga desde os primórdios dos tempos (em que comecei a ler esta banda desenhada):

- Porquê, no meio de tantos Strumpfs, haver apenas uma Strumpfina?




Smurf dos Óculos

sexta-feira, março 19, 2010

Hoje tal como antes, os vegetais são bons...

... mas os tempos, felizmente são outros.

Ainda há pouco tempo, as minhas colegas em conversa acerca das dificuldades com o trânsito intestinal recordavam tempos de outrora em que nas crianças a situação era resolvida à base de azeite e com um talo de uma couve. E não, a solução não era uma sopinha. O tratamento era mesmo à base de talo no rabo.

Já um amigo meu dizia - "A cenoura tem rabo e a couve tem talo!"

Supõe-se que dos outros pedaços da couve, fizessem uma sopa ou as acrescentassem numas couves aporcalhadas (bem bom, aliás) mas de tal facto não se encontra registo nos anais da história.
Ora, assim sendo o registo que se encontra é nos ânus e memória das então criancinhas que sofriam de obstipação ou prisão de ventre. Quando a criancinha tinha dificuldade em obrar (cagar, para os mais leigos), em casa que se prezasse, havia sempre uma couve para fins medicinais, tal como no velho Oeste em que o médico tinha sempre uma garrafa de whiskey para as anestesias.
Mas como não se ía anestesiar uma criança com whiskey e já que estava com dores, a única coisa que servia para suavizar era barrar o talo e o rabinho com azeite e... cá vai disto!

Ouvindo as minhas colegas a falar disso que lhes faziam quando eram crianças e olhar para elas agora, com 42 e 56 anos de idade, a queixarem-se de prisão de ventre e imaginá-las de talo de couve no rabo, não resisti a dizer em jeito de "ajuda provocatória" - "Há por aqui umas mercearias..."
Os olhares que me deitaram, fizeram-me rir mais ainda; não é verdade que muitas das mezinhas de outrora ainda resultam hoje? Então quem achar por bem o tratamento para desentupir o canal... siga!

O que cada um faz com o seu rabo é consigo. Mas por favor... poupem as criancinhas.

Da minha parte, concerteza que darei vegetais ao Gabriel mas garanto que todos em forma de sopa e no rabinho só cremezinho para as assaduras.

Beijo Lindo, Gabriel
GMDTuala

quinta-feira, março 11, 2010

Enxaqueca e tampinhas de plástico não combinam!

Um dos passatempos favoritos do nosso gato Patitas é brincar com umas tampinhas de plástico daquelas das garrafas de água ou sumo. De vez em quando, atiramos-lhe uma ou outra para ver se ele pára de nos chatear mas há sempre uma em especial que ele adora.
Aquilo é uma loucura pegada: se estamos à mesa e ele anda a rondar a nossa comida, basta atirar uma tampa que fica logo entretido e assim podemos deliciar-nos a comer; ele quando a apanha dá-lhe patadas e corre pela casa toda atrás dela e volta e meia, trá-la de volta a quem a atirou, saltando para a mesa e largando-a à nossa frente para que a atiremos novamente, tal como um cão.
Hiperactivo como ele é, leva-me a crêr que a mãe dele terá sido possuída à bruta por um cão e o resultado foi este: um peludo de quatro patas com ar de mafioso e máscara de batman na cara, a reagir como um cão.
O irmão Calvin não era assim; era um paz de alma que só (!?!) lhe dava para lamber o rodapé e miava apenas em casos de desespero, como ficar sem querer fechado na casa de banho, e no resto do tempo, emitia sons de Rola (pássaro). Não sei onde entra o pássaro na história entre a mãe gata e o pai cão mas gostos são gostos e até os animais têm esse direito.

Quando mudámos o móvel da sala, por baixo havia 22 tampas de plástico. Loucura!

Esta madrugada, por volta das 05:40, acordei com uma enxaqueca bem grande; levantei-me e fui à procura dos comprimidos, tomei um e voltei para a cama à espera que pelos menos durante uma horita conseguisse descansar e que a dor passasse. Em vez disso, tive (tivemos!) uma horita terrível: o Patitas decidiu partir em prospecção qual mineiro nas profundezas da terra e descobriu uma tampinha debaixo da mesa de cabeceira.
Loucura (e digo isto com ironia aos magotes)!
Já conhecendo alguma coisa de gatos, sei que não vale a pena ir atrás deles quando estamos chateados porque, logicamente eles fogem. Mais vale optar pelo cinísmo:
- Vem cá, lindo... vem cá bichano, vem...
... e depois arrear uma palmada no rabo peludo dele - Toma lá disto!

Portanto, o que fiz quando ele descobriu a primeira (!?!) tampinha foi esperar que ele saisse debaixo da cama e tirar-lha. Nem eu nem a grávida Ana estávamos a ter descanso. O descanso dela era duplamente interrompido, também pelo meu ressonar (isto segundo ela porque eu não me lembro de nada, o que é estranho porque até tenho o sono não muito pesado. O ressonar deve-se ficar pelos ultrasons!).
Mas lá esperei pela peste peluda e tirei-lhe a primeira tampinha. Foi o que fiz para a segunda tampinha, foi o que fiz para a terceira, até à última. A cada tampa que lhe tirava, só pensava - " Isto é inacreditável! Ainda te ponho debaixo do chuveiro, pá!"
Só as contei quando me decidi levantar, uma hora depois para ir tomar um duche contando que ajudasse a passar a enxaqueca.
A contagem foi... 6. Seis tampinhas que aquela peste peluda acumulou debaixo da mesa de cabeceira e da cama, entre as quais, a predilecta dele, uma branca que posteriormente verifiquei que afinal eram duas exactamente iguais - "Horror...!!! Elas multiplicam-se!". (arrepio)

À parte da enxaqueca, foi uma manhã normal, isto para quem acorda antes do despertador mas o Patitas fá-lo antes e é tipo chinês: começa logo nos exercícios matinais, de um lado para o outro.

- Um dia ainda lhe dou um Xanax...! Sadooof...!

P.S.: Já estamos de 8 mesitos e 'tá quase... 'tá quase...!
Bjs Gabriel
GMDTuala

sexta-feira, março 05, 2010

O meu maior Desejo é que corra tudo bem.

Já dei por mim a fazer o que provavelmente, muitos pais o fizeram que é criar imagens mentais de como será o bebé.

Pelas Ecografias, fomos tendo uma visão da evolução, sempre ouvindo com muita atenção aqueles termos técnicos que o médico vai debitando para a assistente ao mesmo tempo que viamos imagens até ao momento do clímax em que ouvimos o bater do coração. Aqueles poucos segundos em que a única coisa que se ouve é o "tuntum...tuntum...tuntum..." do coração.

Mas nada se compara a tê-lo cá fora, ainda para mais quando há outras crianças bebés pelas quais passamos ou vimos emrevistas e anúncios e não resistimos, pelo menos eu, a ir criando uma imagem mental.

A minha imagem mental do Gabriel foi sendo criada desde a última Ecografia, na qual o médico disse que estava tudo bem; consigo uma imagem "nublada mas a clarear" de uma silhueta de bebé deitado por cima de uma toalha branca fôfa, a mexer os braços e as pernas mas não ouço um único som. Tal como as feições, o som do choro perfaz a segunda coisa (não encontro outra palavra!) que não consigo descrutinar.

Em conversas com a minha Ana, já comentei isto e disse-lhe que - "Pelo menos, espero que não tenha o meu nariz nem a minha boca (dentes) tortos... mas pode ter os meus olhos castanhos lindos!".

Os dela também são castanhos mas pode ser que o Gabriel venha a ter o meu tom de castanho... sei lá...é possível.

(no reino da imaginação... prontos!).

Acho que há um termo técnico em Psicologia que acontece (segundo os doutorados), mais ou menos parecido com o "luto do bebé" ou coisa que o valha, aquando do nascimento quando os pais vêem finalmente a criança e têm de "se despedir da imagem" que criaram porque a realidade está ali.

Sei que isso não vai acontecer comigo porque a minha imagem é só de o que apelido de "uma silhueta que é preenchida por côr e volume, a cada momento que passa" e que quando vier cá para fora... vai berrar que (nunca) se farta com frio e fome até encontrar o abraço acolhedor da mãe e ouvir o seu bater do coração. E espero que não se assuste ao ouvir a voz grossa sussurrada do Papito (eu).

Também já dei por mim a pensar, como será "o primeiro de tudo"! Ou melhor, o meu "primeiro de tudo".

O que eu verei do Gabriel; O primeiro choro. Os primeiros movimentos dos bracitos e das pernitas, dos deditos e da boquita desdentada, a cabecita a mexer e o primeiro silêncio dele a dormir, e que de certeza o silêncio ficará gravado eternamente na minha memória até...

… até à primeira cagadela.

A primeira de muitas agonias e vómitos provocadas ao Papito.

Também já comentei com a Ana e foi engraçado ouvir o que ela disse, a propósito do novo trabalho dela numa creche a 10 minutos de casa – “Hoje quando mudei a fralda da bebé Beatriz, vi que ela tinha feito um cocózito bonitinho, perfeitinho!”

(silêncio e incredibilidade)

- Não comentaste isso com ning… - e nem acabei a frase porque ela… - “Sim… disse à educadora e rimos as duas… “perfeitinho!”

A bem dizer, eu apenas pensei o que seria o primeiro de tudo que eu visse e a última coisa em que iria reparar seria a perfeição, dimensões e consistência da poia do Gabriel.

Depois veremos.

Estou cá a torcer por ele, para ele e à espera dele. (e das poias dele… que remédio, né!)


terça-feira, março 02, 2010

Última Ecografia antes do parto


...a imagem 'tá em pequenino mas é só agora porque segundo dizem, depois eles crescem e segundo o médico aquando desta última Ecografia - "Ele vai ser grande!"
Nesta Eco o peso estimado era de 1.860 kg.

Gabriel, Gabriel, Gabriel...

segunda-feira, março 01, 2010

25-02-2010 Variações? Nãããã...Adaptações, sim!

...(nota de cabeçalho: a foto é apenas ilustrativa do desespero de (mais uma possivel) vitória minha ao Scrabble!)

A Ana está a ficar rabugenta (ironia Parte 1).
Durante o pouco tempo de viagem em que eu levava a Ana ao emprego, ia quase sempre a "mandar vir" com alguém com a particularidade de o conseguir fazer o mais confortável possivel no banco do passageiro, cabeça encostada para trás e de olhos fechados (porque o sonito ainda se fazia sentir). Às vezes digo algo acerca da manobra de um tipo, do estilo de uma frase de quatro palavras e era o suficiente e funcionava como motor de arranque para uma dissertação de um ou dois minutos. O sono ou uma noite mal dormida ou então, se aquilo não fôr da gravidez, será das companhias com que ela anda... um rabugento qualquer, sei lá...! (ironia Parte 2)

Mas se há hábitos que se adquirem, outros são difíceis de perder ou apenas se adaptam às circunstâncias; aqui à dias, fizemos uma variação nos jogos de depois do jantar. Perguntei se ela queria jogar às palavras (cidades, países, flores, marcas, etc) porque me lembrei que jogava a isso com a minha irmã e uma amiga quando era puto e para dar uma hipótese à Ana de ganhar qualquer coisita após a minha recente vitória (será sempre a bela vitória mesmo que passem 2 anos). Sinto que com a minha estratégia me posso considerar um mercenário do Scrabble, daqueles que vivem sozinhos na floresta, sem luxos, lavando-se quando chove, alimentando-se da natureza e limpando o rabo a ela.
- Aaaaahhh... Macho!

Mas do Scrabble ao jogo das palavras pouco mudou, apenas uma adaptação da vontade de colocar palavras que só existem no seu dicionário, para o terrivel e inexistente sentido de orientação, fisico e mental. Exemplo? Concerteza:
- Estrasburgo é capital, não é?
- Na tua Wikipédia é capaz de ser mas lamentavelmente...não, não é!

No entanto, um facto muito agradável é o de se passar um fim de serão divertido a rir e aprendendo palavras novas no Scrabble e a reordenar o nosso mapa mental das cidades e capitais do mundo. Engraçado foi notar que das palavras que colocava em "marcas", 7 palavras em 10 tinham a ver com comida...!

O fim foi o que previa: ela ganhou mas pelo menos durante uns dias parou de pensar nas desforra que reclamava à três dias. Mas foi sol de pouca dura porque jogámos novamente ao Scrabble e desta vez (?!?!) eu não ganhei; mas aprendi uma ou duas palavras novas!

P.S.: A bem ver, é melhor eu não fazer muito esforço para lhe ganhar, não lhe vão rebentar as águas ou acontecer um parto prematuro!!!