segunda-feira, setembro 29, 2008

O meu novo projecto (de vida)



Serviços especializados em hotéis.



Um dos empregos (ou trabalhos) que eu gostaria de ter era de ser o tipo que faz testes às coisas. Os testes de jogos de computador (à maneira, baril!), os testes de preservativos (Atenção…só pessoal seleccionado – feminino e jeitoso, entenda-se!), testes a martelos daqueles grandes, enormes para demolição, provas de sabor (se bem que aqui a coisa poderia ter efeitos secundários e causar lesões na tripa, mas…), testar sofás e cadeirões como uma empresa, a La-z-Boy, nos Estados Unidos tem.
Sempre achei que era fixe ser o tipo que testa coisas inquebráveis. Ser Especializado nisso (ou em algo fixe).
Ao que parece, até há tipos pagos apenas para fazer certas e determinadas actividades. No Taj Boston, hotel de luxo em Boston, há um tipo que só acende lareiras – fireplace butler: coloca dois cepos, junta dois troncos, jornais e acende o lume. É um “crânio” no assunto e no melhor tipo de lenha.
Mas ele já não está sozinho porque já há mais 14 tipos como ele no mesmo hotel.
No The Milestone, um tipo só cuida dos animais de estimação (Very Important Pets): levá-los a passear, lavá-los, limpar o cocózito do chão, festas de aniversário, refeições “último grito”, etc. No México, The Tides Riviera Maya Resort, há uma soap concierge que aconselha as pessoas acerca do melhor sabonete a usar, sabonetes nacionais, claro.
Uma cadeia de hotéis e resorts tem um running concierge que acompanha os clientes no seu jogging habitual enquanto fala acerca da cidade e atracções principais.

Não tardará muito, é o concierge sexual. Exactamente.
Para os diferentes géneros e tendências porque há que ser actual e agradar a gregos e troianos; terá diferentes especialidades: o concierge oral, o concierge manual, o concierge coça-micose, o concierge lava-pés e restantes fetiches (chicote e cabedal, etc), o concierge anal e o concierge vaginal, estes últimos mais conhecidos por concierge tapa-buracos.

- Operadora? Fala do quarto 7169. Apetece-me algo mas…diferente, não sei!
- Concerteza, madame. Vejo pelo seu registo que já percorreu todos os nossos serviços de concierge, menos um. Permita-me que sugira, madame, a novidade do momento…
- Siiim…!
- O Concierge Ponto G. Satisfação garantida e segunda oportunidade.

E a versão masculina.

- Operadora? Fala do quarto 7169. Apetece-me algo mas…diferente, não sei!
- Concerteza, senhor. Vejo pelo seu registo que já percorreu todos os nossos serviços de concierge, menos um. Permita-me que sugira, caro ilustre, a novidade do momento…
- Siiim…!
- O Concierge Matulão Zão. Satisfação garantida e segunda oportunidade que nem todos os clientes pedem, devo acrescentar.


... ou então...
...- Siiim…! Diga, diga, homem!
- A Concierge Ganda Corpanzil-Meu!, com ponto de exclamação íncluido. Satisfação garantida e segunda oportunidade que todos os clientes usufruem até à última gota...perdão...ao último minuto, devo acrescentar.

- estes dois exemplos não passam disso mesmo e qualquer conotação com alguma tendência é pura coincidência, uma vez que o serviço contemplaria todas, mas todas as inclinações (que geralmente é para a esquerda mas já se registaram excepções) -

Especialidades ou Esquisitices.
Pode ser ainda, tudo o que o dinheiro poderá comprar!

Acho que vou investir numa empresa especializada em Pessoal Especializado. Hum...

Quem ri assim, não está desempregado!

Combate aos fogos com animais.

Na Serra de Sintra foi efectuada uma experiência com o objectivo de limpar as matas e por conseguinte combater os fogos.
“Nada de extraordinário”, poder-se-ia pensar mas há algo de extremamente interessante neste caso: a limpeza é efectuada por rebanhos de cabras, de raça serpentina. Fazendo uso das novas tecnologias, cada animal é controlado por telemóvel e GPS na coleira, permitindo saber a sua localização / identificação via rádio.

Conforme as áreas batidas pelos animais ficam limpas, as equipas são direccionadas para a área seguinte através de um telefonema para o Cabrão de Serviço vindo da central da Caprinus & Companhia. Há sempre um Cabrão de Serviço, assim como uma Grande Cabra que juntos coordenam um efectivo de 2500 caprinos.
No meio ambiente, o impacto nota-se: as equipas comem tudo o que encontram – silvas, tojo, urze, e qualquer montezinho de trampa que largam, aumenta a fertilidade dos solos.

Até este momento havia a possibilidade de adicionar à experiência, escaravelhos – daqueles que empurram bolas de trampa - para assim se aumentar a área fertilizada.

È um serviço mais caro do que utilizar um tractor (100 a 200€ contra 70€), mas com vantagem ambientais enormes (não polui o ambiente) e também o facto de ser possível “atacar” zonas de impossível acesso a um veículo.
Cada equipa é formada por 150 caprinos e chefiada por um cabrãozito ou cabrita que, ao fim e ao cabo, têm por função comer até não poderem mais e a benesse de poder (literalmente), “fazer merda” à vontade.
A acontecerem transformações genéticas nos animais, no sentido de crescerem de tanto comer e ficarem do tamanho de alces, tal só poderá ser considerado um êxito, ainda maior.

Verifica-se que a promessa do Primeiro-Ministro de criação de emprego está bem encaminhada, uma vez que consta haver um milhão de hectares de floresta com condições para o pastoreio com caprinos, e por conseguinte, capaz de empregar muita cabra e muito cabrão.

terça-feira, setembro 23, 2008

Pós-Férias na Quinta da Piedade

As pessoas não sabem mas a vida na Quinta da Piedade está complicada.

A dada altura, a porca de serviço tropeçou ao passar o portão, caiu e torceu o rabo deslocando também a unha direita do pé de trás. Impossibilitada de prestar serviço, pôs baixa e a Quinta ficou numa “gestão interna”.
Pior. Vieram as férias. Os cavalos foram a galope ter com os parentes do prado mais a norte. Os patos marrecos voaram para longe (alguns; outros ficaram, frágeis demais para voar). Vacas, bezerros, cães, mulas e burros (não todos porque algumas bestas também ficaram), ovelhas, cabras (algumas), coelhos e outros animalejos, foram cada um para outras paragens ter com os seus.

O serviço na Quinta arrastou-se. Um vírus entrou no curral das vacas, passou pela capoeira, disseminando-se por todo o lado. Cada espirro, cada melro (é adaptado mas nem os melros escaparam).
Poucos escaparam; talvez por imunidade ou apenas pelo vírus atacar conforme a ruindade. (admiração?)
Muitos com o pingo no nariz e sem sitio para colocar os lenços de papel. Já ninguém conseguia era aturar a pata - Coxa por ter sido pisada (sem querer, consta…!), pela burra, andava com o pingo no nariz, juntando a isso, o facto de ela falar à “sopinha de massa”, cuspia perdigotos aos quatro ventos.

O lado sul da Quinta era um paraíso para as moscas, moscardos, varejeiras & companhia e nem a distribuição de sapos e rãs pelas divisórias dos animais para ver se os comiam, deu conta do recado. A disseminação do vírus e a falta de asseio de alguns animais, colocou o sistema em bloqueio aparente – aparente porque mesmo arrastando, a coisa ia. Do lado dos porcos, claro, ia mal e porcamente. Do lado das cabras, um pouco aos soluços, tipo “disco riscado” (bééé…bééé…). Todos pareciam mais mortos que vivos, parecendo que tinham “o mal dos coelhos”, quando ficam com os olhos todos remelosos quase cegos.
A Responsável pelo Serviço, já suspirava e transpirava, não sabendo eu se por causa do vírus ou pelo excesso de preocupações. De qualquer das maneiras, fez constar que para o ano “a coisa tem de mudar. Não pode ser assim!”. E era verdade: um carneiro a fazer o trabalho de uma ovelha, ainda vá, agora fazer o trabalho de uma pata marreca…convenhamos, não é?!

Verdade, verdadinha, “a coisa (serviço), fez-se”. A ver agora que parece que toda a gente está de volta, como as coisas correm.

A vida na Quinta da Piedade, vai (correndo!). Mas não tão bem quanto se podia esperar.
Com toda a gente de volta, o vírus foi combatido à base de injecções cavalares que ninguém gostou (menos os cavalos que não estranharam), e supositórios, com poucos a protestar (gostos, vá se lá saber porquê…Tsss!).
O que ninguém esperava é que o Sistema avariasse.
O Sistema era constituído por umas cordas esticadas e presas a uns postes que através de um sistema de roldanas, transportava os recados de uns para outros, de e para a Residência da D. Piedade. Consta que o que aconteceu, e isto dizem as más-línguas das cadelas (o que é que se estava à espera? - andam sempre a cheirar o rabo umas às outras e só pode dar naquilo!), mas consta que foi a vaca mocha malhada que distraída como é, encostou-se a um dos postes para se coçar e tal não era a comichão que acabou por tombar precisamente o poste no qual o Sistema repartia os fios para locais diferentes. Terá visto o que fez e “patas, para que vos quero?”… e deu de sola.
Mas tudo isto, consta… consta. Para quem consiga acreditar na língua de uma cadela delambida.
Agora, temos de esperar que os humanos venham para colocar o poste de pé e corre uma petição para a construção de uma pequena cerca em forma de quadrado para quem se queira coçar, sem prejudicar o trabalho dos outros.
È uma questão de tempo, dizem. Até lá, faz-se o que se pode, olha-se uns para os outros, assobia-se, bate-se com a pata no chão, uns grunhem outros balem e há quem suspire para que um raio lhes caia na cabeça de modo a parar com tamanha algazarra. Tal como os gauleses, alguns têm medo que o céu lhes caia em cima da cabeça (talvez pelos telhados de vidro…hum…).

É esperar para ver.

A Vida é Dura


...mas a única hipótese que tenho é continuar. Em frente, se fôr o caso, para trás se fôr melhor.


A memória poderá falhar mas a lembrança fica para sempre presente.


Custa. E dói.

Melhor é lembrar e sorrir (tentar, pelo menos).


Cá vou, então.