quarta-feira, outubro 10, 2007

Bora Bora La Meridien Resort


Este foi um dia do caraças, pá!
O almoço no refeitório foi um chilli mal e porcamente confeccionado e como se não bastasse a quantidade brutal de feijão, ficou no estômago uma sensação terrivelmente anormal de peso incómodo que tornou a tarde completamente improdutiva, isto se não contarmos com a anormalidade de sons provenientes da casa de banho do trabalho, capazes de deixar verde de inveja o mais profissional dos músicos.
O caminho para casa foi efectuado com pezinhos de lã, sentindo todas as separações dos carris de ferro da linha do comboio, temendo uma descarga acidental que acabou por acontecer ao descer o último degrau ,com direito ao incomodativo molho. Durante a viagem, cada solavanco havia um músculo que se retesava. Olhar pela janela para me distrair só servia para aumentar o desconforto tal o enjoo que causava. Os nós dos dedos a segurar a pasta estavam brancos. Respondi à pergunta do passageiro do lado se eu me sentia bem, com um "Lindamente, nunca estive melhor" de dentes serrados e sorriso amarelo.
Na cadeira em frente, uma criança acabada de sair da escola, devorava frenéticamente um hamburguer; com os cantos da boca manchados de molho de tomate e reparando no meu olhar incrédulo, fez o gesto simpático de me oferecer "uma dentada", como se costuma dizer. Sacudi a cabeça num "não" de olhos esbugalhados, também ele frenético ao mesmo tempo que sentia a tripa a dilatar (mais um bocado!).
A minha estação chegou e de coração nas mãos e músculos da tripa apertados à décima potência, flutuei em flatulência controlada ao mais infimo gás, até casa por mais 15 minutos de terror, cumprimentando vizinho atrás de vizinho, com a face mais roxa que a de um defunto com 15 dias de congelador.
Nunca ninguém tinha presenciado em plena rua a passagem de alguém com um andar tão decidido, qual modelo de passerelle teso de movimentos, distribuindo "boas tardes" entredentes.
A desgraça aconteceu ao colocar a chave para abrir a porta da rua do prédio onde moro quando um amigo me cumprimentou de fugida com uma valente palmada nas costas, à qual o meu corpo correspondeu com o desfalecer de todos os músculos até então esforçosamente contraidos e um misto de sorriso amarelo e esgar de quem... fez merda!
Safaram-me as botas e as calças de ganga justas.Do mal o menos: Não me sujei da cintura para cima!