terça-feira, abril 27, 2010

Últimos dias a 2 (e meio) - Eu e a Ana.


Estamos a Sábado, 24 de Abril, véspera da data assinalada para o parto e decidimos ir dar uma volta até à praia, sabendo que durante "uns tempos" tal não ser possível.
Fomos mas levámos o Gabriel connosco, assim para lhe dar uma "antevisão de praia", do Sol, dos sons das ondas, das pessoas na praia, das crianças a brincar e de mim a rir ao ver um tipo um tanto ou quanto balofo a tentar equilibrar-se numa daquelas pranchas fininhas para deslizar em poucos centímetros de água; pois concerteza, com aquele peso... caiu (e mais que uma vez).
A maré estava a encher e creio que ele (também) terá tido alguma cota parte nisso!

Soube bem passear com a minha Ana pelo areal molhado. O dia estava bom e a água estava mesmo convidativa mas ficámos apenas pelos pés molhados.
Não andámos muito porque estamos no fim do tempo de gravidez, a barriga pesa e já começou a baixar. Mas soube muito bem andar aquele bocadito, sair um pouco de casa e sentir o Sol na pele.

Lembro-me de documentários naqueles canais temáticos, acerca de gravidez e desenvolvimento do feto / criança, "situações externas" e como o bebé reagia. Num deles via-se, através de uma mini-câmara colocada no útero a criança a reagir à luz solar e na praia no Sábado comecei a pensar como estaria ele a reagir; estaria a tapar a cara àquela claridade inesperada? Gostei da ideia.
VIDA naquela barriguita linda.

Entretanto, chegou o dia "anunciado" que passou sem sinais de o Gabriel querer sair. Acredito que lá dentro se esteja bem (não me lembro lá muito bem como é...) mas o espaço começa a tornar-se um pouco apertadito.
O espaço para os orgãos todo reorganizado durante nove meses de gravidez, o estômago cada vez "mais perto da boca" (Azia... Azia...), os pulmões cada vez mais... ...(tipo, policia sinaleiro a dar ordens) - Para aquele lado porque para o outro vai outra coisa mas não muito porque ainda tem de sobrar para outro orgãozito, para o que se espera, "numa hora pequena", acontecer o parto e todos tomarem o seu lugar original.

A gravidez é como um transporte (autocarro) alternativo em dia de greve que se vai enchendo de pessoas a empurrarem as outras que já lá estão dentro porque no pensamento do tuga, "há sempre lugar para mais um!". Mas, para ser comparado (por mim, claro!), à gravidez, o transporte tem de funcionar como um Expresso que só pára na última paragem onde todos finalmente saem, esticando as pernas e bufando de calor.
Pergunto-me, se aquando do parto se conseguirá ouvir no meio de toda aquela agitação da criança que saiu, da Ana a gritar comigo porque desmaiei e estatelei-me no chão a agarrar-lhe a mão - O que é que estás aí a fazer deitado no chão! Levanta-te, criatura que o teu filho já nasceu...! - e rouco de tanto gritar acompanhando os gritos (poucos, espero), dela... , um suspiro surdo em uníssono - Uufaaa...! - , de todos os orgãos ao retomarem os seus lugares originais, fartos de serem comprimidos e de levarem socos e pontapés - Chega para lá que preciso de espaço! - , e...
... e agora, com um sorriso reparo:
- Terão sido estas as primeiras palavras pensadas pelo Gabriel?

- Chega para lá que preciso de espaço!
- Tenho de me alimentar... estou a crescer. Ó mãe... vai comer que 'tou com fome! Rápido e algo que eu goste senão provoco-te um vómito daqueles... Ó pai... mexe esse rabo e vai fazer o comer para nós!
Vite, vite!

Huuummm... não o estou a ver a falar (pensar em) francês mas a primeira e última parte já acredito.
(Choro... choro... choro... fome, caga e dorme)
- Ai, ai, ai...!

segunda-feira, abril 19, 2010

A Enciclopédia



E é verdade! 'Tá quase...! 19 - 04 - 2010



38 semanas, 3.200 Kg, Percentil 77 e daqui a pouco tempo está na minha altura, sozinho em casa com o Gabriel e o Patitas (o gato), tão depressa passa o tempo. Mas até lá, ficarei ao mesmo tempo que a Ana (para me ir habituando) porque assim partilhamos os dois os primeiros tempos.

Não se trata de ter receio de estar sozinho com o Gabriel (sussurro - porque até tenho...) mas há coisas que sei de ter ouvido (em tempos), pessoas a conversar e outras que fui descobrindo há bem pouco tempo (a Internet é um mundo lindo...!), e até é capaz de dar algum jeito o computador estar no quarto do Gabriel... simples: coloco o Gabriel em pausa e vou pesquisar o que precisar.
As pessoas que falam comigo ficam incrédulas quando digo isto de utilizar o computador enquanto a criança fica em pausa, num esgar de choro mudo. É bem feito para essas pessoas - Toma...! - só porque ao saberem que ficarei a maior parte do tempo, dizem logo - "... aína, pá! Tu sozinho a mudar fraldas?!?!" - e riem que nem uns palermas.
É claro que não vou à Internet! Pelo menos logo, não. E não é por ser impossível colocar um bebé "em pausa" como num jogo... não é, pois não?
(suspiro... que pena!)

- Palermas...!
Pois. Também penso nisso e nos choros a toda a hora mas criança é criança e por mais que me mentalize de que estou preparado, eu digo sinceramente que sim (que me mentalizo).
Não tremo como varas verdes mas já imaginei várias vezes a minha cara, olhando para uma fralda cagada e ver algo verde a sair de dentro de mim directo para a fralda... já que está suja...!
Para este começo de Saga, é capaz de contribuir a visualização do filme "O Chupeta", com Vin Diesel, ou como a Ana lhe chama - "Aquele brutamontes com as crianças?" - e eu calmamente respondo:
- ... mas o tipo desenrasca-se, ó Ana. E isso, é que é importante!

Cálculo que terei fases em que não saberei para que lado me hei-de virar e que terei de um lado, um ser lindo a chorar e do outro um gato a olhar estupefacto para um palerma que ainda vai demorar uns segundos a pensar o que fazer, no que agarrar, "onde estava o resguardo para o xixi?", "será que uma fralda colocada no Patitas teria o mesmo efeito que no bebé?".
É melhor não porque as fraldas já são caras para um quanto mais para dois!

P.S. do Gabriel (directamente da barriguita da mamã): Parabéns, papá. Hoje o bebé és tu. Feliz Aniversário.

quinta-feira, abril 15, 2010

Sudoku - jogo popular entre as grávidas



...se não é, passa a ser.
As insónias quando atacam são muito lixadas e trazem danos colaterais, neste caso personificados na minha pessoa.
Exactamente; o sono chega a mim mas ao contrário da constipação que voltou a atacar a Ana, não se pega a ela e o resultado poderá ser visto quando fizerem as Finais Internacionais de Sudoku e a Ana estiver presente e ganhar. Com o treino que tem tido ao qual eu tenho assistido "de camarote", só pode!
Tenho de lhe arranjar mais livros de Sudoku.

Hoje (08/04/10) tivemos outra Ecografia no Hospital da Amadora e a médica teve a mesma expressão que outro médico teve aquando de outra Eco - "Percentil 77... é grande!".
+- 3.200 Kg. E já de cabeça para baixo a alguns meses. Siga.

Esta semana já estou a trabalhar mas preferia estar em casa com eles os três (o gato Patitas também conta).
Dos sonhos desta noite, apenas me lembro de que estava a olhar para a barriga da Ana maravilhado com as formas conforme o bebé se mexia. E com a mão lá encostada a sensação é "deste mundo", linda.
O Mundo cá fora está à tua espera, Gabriel e nós também para te ajudar e tu a nós.

*
Estou a ler um livro do Calvin & Hobbes que adoro e é uma boa maneira de ver como se porta um verdadeiro pestinha e o que os pais sofrem.
Numa visita ao Zoo, o pai segura o Calvin no muro para que ele veja os crocodilos e mesmo que lhe tenha passado pela cabeça em atirá-lo lá para dentro, acredito já soubesse o que poderia acontecer: ou os crocodilos fugiam do Calvin ou ficariam a ser os novos amigos dele, para além do Hobbes.
Mais à frente, o pai surge num quadrinho quando parte à procura do Calvin que se perdeu, dizendo para si mesmo:
- Ser pai é querer abraçar e estrangular o filho ao mesmo tempo!

Não sei o que os pais pensam nos primeiros tempos quando a criança chora, dorme, chora, dorme, chora, chora, dorme... chora...

Fico à espero dos meus momentos com o Gabriel.