segunda-feira, outubro 20, 2008


O Vôo dos Mortos-Vivos é (considero) uma adaptação da Noite dos Mortos-Vivos, só que passa-se a bordo de um avião, um Boeing 747.
Mais uma demonstração de falta de imaginação dos argumentistas ou “dos tormentos” que os actores “têm de passar” para ganhar mais alguns “trocos”? É difícil.
Ou talvez, não.
Uma equipa de cientistas tirou ADN de um mosquito do Vietname, criando um vírus capaz de regenerar tecidos orgânicos. Podia-se pensar que até era uma coisa boa… mas não. Um cientista mais insano que outra coisa, pensou (e melhor o fez) que seria bom experimentar regenerar não só o tecido ou membro mas sim, o corpo inteiro. O assunto chegou ao Ministério da Defesa que quis logo transportar a ideia para o cenário de guerra – e que tal se os nossos soldados depois de mortos, ressuscitassem e continuassem a combater? Mordiam o inimigo e por conseguinte o inimigo mordia os amigos e acabava a guerra! - Dentadas a torto e a direito e toda a gente infectada.

Senão a primeira pedrada à janela do quarto do argumentista, talvez um de muitas. Então ninguém pensou que se o vírus fosse espalhado [e note-se que para ele ser espalhado, implicaria que alguém mordesse alguém. Ou seja, alguém já infectado (e preso por correntes, não fosse morder quem não devesse!), seria largado de pára-quedas no meio de inimigos], e depois de tudo e todos sujeitos à respectiva dentada, o cenário de guerra daria lugar a uma nação de Mortos-Vivos?
Assim, a guerra nunca acabaria. Haveria sempre alguém para matar. Pensando bem, isso já acontece agora! E ainda bem que os mortos não ressuscitam, pelo menos para se tornarem em Mortos-Vivos, se bem que um morto ressuscitando, transformar-se-ia num Morto-Vivo!
Pormenores. Mas o que quero salientar é que seria (mais) uma mina de ouro para o comércio de armamento ou da construção civil.
Qual é a diferença? Nenhuma. Os países tivessem recursos para construir “uma Muralha da China”com um fosso de ácido sulfúrico (não estou a ver nenhum Morto-Vivo a saltar lá para dentro de tirar o ralo para esfaziar o fosso - experimenta, mal cheiroso! - e não podia ser água porque ao tentar passar os Mortos-Vivos iam afogar-se, ressuscitar e boiar até á outra margem. Parece complicado mas é psicológico!). Bastaria um muro alto o suficiente, não fossem os Mortos-Vivos fazerem “dalim-dalão” e balouçarem uns e outros para voarem por cima da muralha e depois… dentada de manhã à noite. Poderiam depois vender a tecnologia a outros países. Os que não tivessem esses recursos, países pobres em dinheiro mas ricos em diamantes (p.e.), compravam armas.

Mas continuando; o avião atravessa uma tempestade, trovões e relâmpagos por todo o lado, a carga desprende-se e a caixa que continha o corpo da mulher de um dos cientistas que não se sabe como morreu, abre-se, a tipa sai e o tipo que estava no porão do avião, sentado numa cadeira, vestido com um fato pressurizado, mata-a. Aqui começa a acção. A viva morre e ressuscita, morde o outro e vão á procura de mais “comidinha”. Não escapa sequer a primeira classe; velhos, novos, uma freira que fica só com o tronco e um asiático que foi mordido quando estava preso á cadeira com o cinto e assim ficou.
À parte de umas piadas que até tinham piada, principalmente no meio de situações complicadas, salvou-se isso e a banda sonora (e não falo dos sons esquisitos e agudos que malta morta viva lançava).
Foi… “uma não sei quê”, ver actores conhecidos a fazerem um filme daqueles. Dois deles participaram na Múmia (Erick Avari e Kevin J. O’Connor).
O avião é seguido por um caça americano enviado pelo Ministério da Defesa com o intuito de pulverizar o que quer estivesse lá dentro. Ninguém poderia escapar.
Mais uma vez, a burrice vem ao cimo. Um míssil não ia chegar. Quem morresse, se não estivesse já morto… vivo, não morreria. E mesmo que chegados ao solo (à velocidade terminal mas o que é que isso importa), seria mordido pelos infectados e… prontos! Vivinho da…perdão, mortinho-vivo da Silva. Toca a morder!
No avião, os vivos tentavam fugir dos Mortos-Vivos e o asiático preso à cadeira (coitado!), tentava agarrar alguém para poder morder. Só guinchava.
Querer morder e não poder é complicado. Deve ser.
Apesar de quatro civis “não” Mortos-Vivos no cockpit, um míssil é disparado e o avião atingido de lado. Uns quantos Mortos-Vivos são projectados e eu pensei: “vai ser giro. No sitio onde eles caiam nada vivo escapa, nem cão nem gato ou escaravelho!”.
Os pilotos do caça observam corpos a passarem por eles até serem atingidos em cheio na tola pelo asiático ainda preso à sua cadeira. Os Mortos-Vivos são lixados. O que terá o asiático pensado na altura? – Bem… não mordi ninguém mas pelo menos este leva já uma cabeçada… – e pimba!

Os civis a bordo conseguem fazer aterrar o avião que bateu no cimo de um monte com um motor a arder (foi atingido por um ou dois Mortos-Vivos dos quais, até à data ainda não deram sinal de… vida (?!?!)); e o mais difícil, atenção… SEM QUE SE INCENDEIE. NÃO EXPLODIU. SÓ FICOU O MOTOR A LARGAR PEQUENAS LABAREDAS.

Valha-nos Jesus Cristo e Maria Madalena!
Estupefacção! Fiquei siderado! Puramente siderado! E triste; uma explosão era o mínimo que se pedia.

A cena final ainda causa nós no estômago: quatro silhuetas afastam-se no horizonte e uma diz para outra – Não sei se seria capaz de andar com um policia outra vez. A única coisa que ele fazia era efectuar-me revistas minuciosas.
- E não gostavas?
- Adorava! (risinhos)

Caminhavam os quatro no meio do nada. Do céu caíram (sem se magoarem, claro!), mais uns Mortos-Vivos. Viram os outros e…
…o filme acabou.

Não sei se aguento a Parte 2 do filme! Também não sei se faria sentido haver uma Parte 2 porque se calhar ia ser igual à Noite dos Mortos-Vivos que se passou em terra. Talvez este foi a Parte 1 e o outro a Parte 2.
- Qual?
- O quê?
- O primeiro?
- Esse foi o segundo mas deu primeiro.
- Hein?
- Foi como o Desaparecido em Combate 2. Esse foi o primeiro.
- Já não percebo nada!
… e pergunto eu: interessa mesmo saber?
Recomendo o filme para quem quiser ver actores conhecidos (depende dos filmes que já tenham visto!), num filme de Zombies – O Vôo dos Mortos-Vivos. (A “falta de imaginação” que deu dinheiro). Quase como o Zé Cabra.
- Quem?! E esse era dos vivos?