quarta-feira, dezembro 15, 2010

Os Pézitos Mais Quentinhos das Redondezas



Como todas as outras...

... era uma vez um sitio nas Redondezas onde de vez em quando faziam umas festas. A malta fazia por andar sempre animada mas volta e meia era capaz de se ouvir um choro. No final de cada época, havia um concurso e como as épocas eram muitas, os concursos eram muitos também; um dos últimos havia sido do Melhor Rabito das Redondezas.
Agora, a animação andava à volta da eleição dos Pézitos Mais Quentinhos das Redondezas. E como todos sabem, um bebé bonito é um bebé com os pés quentinhos. Até o sorriso é mais rasgado e tudo.

As coisas começaram a ser preparadas desde cedo.
Todos os bonecos foram instruídos para que sempre na presença de um bebé, para além da companhia, durante os sonhos enquanto brincavam falassem acerca da importância de certas coisas, sendo uma delas o facto de ser de muita importância ter os pés quentes para prevenir as constipações. É claro que haviam excepções porque também era importante que os bebés brincassem com os pés e aquelas coisas todas.

Eu, apenas podia fazer a minha parte e aproveitava (e aproveito) durante a muda da fralda para contar ao Gabriel acerca das meítas, peugas, pantufitas, sapatos, ténis e afins. Enfim, coisas que lhe começaria a pôr nos pés para que não tivesse frio.
A cada conversa que tenho quase que sinto / vejo pelo canto do olho, a bonecada toda a ouvir atentamente, espreitando só com os olhitos por cima do resguardo do berço. O Coelho Orelhas é o que costuma das mais nas vistas - ele que nem precisa de se levantar para ouvir por ser grande e ter as orelhas grandes e maiores que as dos outros mas não resiste a olhar de vez em quando para ver como eu estou a fazer com as meias ou sapatos; acho que precisa de ver para depois explicar melhor ao Gabriel durante os sonhos.
E a minha parte resume-se a falar com o Gabe em bebelês:

- Sabech, Gabe, pukê é ke tens ito nos péjitos... sabech? - e começo a mexer-me de um lado para o outro, dançando ao som da música do momento (porque inventei no momento mas isso não faz com que não seja um exito. Pelo menos enquanto me lembrar da melodia!). E recomeço:

- Tu tens de ter os pejitos quentinhos... P'a não tê fio!
Um pejito lindo é um pejito quentinho,
E vamos por a meítas no fiote
P'a o fiote ser um fiote...
... liiiindoooooo!
Fiote lindo é fiote quentinhoooo...! - e o refrão varia consoante a atenção e reacção do Gabe.
- Com as meias... Pejito quente...
Sem as meias... Pejito fio...

Julgo por vezes ver os bonecos, lado a lado abanando-se ao ritmo da melodia, sentados no rebordo do berço. Hum...
Até houve uma altura em que vi um deles em vôo livre do berço em direcção ao chão - Olha... aquele entusiasmou-se... - e nessa altura a minha mente voltou à realidade quando vi o gato a saltar para fora do berço e descobri a razão - Coitado do Elefante Coiratos, pensa que lá por ser parente do Dumbo, também voa! Tss... Tss... Ou saltou a fugir do gato ou foi persuadido a fazê-lo! De qualquer das maneiras, converso com o Patitas depois.

Acabo com a frase final da música, que também surge conforme a reacção do público:

- Quem tem um pejito quente lindo? É tuuu... - e pego-lhe nos pés e mexo-os de um lado para o outro, para cima e para baixo, para a frente e para trás enquanto uns bonecos entrelaçam os braços ou patas e rodopiam e outros se balançam nas orelhas do Coelho Orelhas. O Gabriel ri, dá gargalhadas porque gosta ou pela minha figura e eu também porque a malta é jovem e gosta é de festa, festança, animação - nem que seja numa muda de fralda.

Está cada vez mais desperto para tudo o que o rodeia. E o Gabe também; adora estar de pé e a força que faz nas pernas é tal que já nem descai tanto quanto o fazia antes. Chego apenas a estar a ampará-lo.
Já não anda no ovo. Não cabe! Agora tem a cadeira dele para andar no carro e como a perspectiva é outra, olha para todo o lado.
Quando passeamos, fica sentado na cadeira, tipo o Sultão dos Sultões.

Obrigado, bonecada! Até jááááá....

terça-feira, novembro 16, 2010

A imaginação não deixa o sono tomar conta...


.... ou será o contrário?!

Pois é. O sono de um é a inquietude do outro. Gaita! É o contrário... a inquietude de um é o sono do outro, assim é que é.

Por vezes o Gabe acorda durante a noite com o que eu apelido de "sonito mau"; acorda e quase imediatamente grita um grito de desespero. Não é fome. É o mesmo grito que dá durante o dia quando o deito na alcofa, não para dormir mas apenas para o colocar a brincar com a bonecada do ginásio. Não resulta lá muito porque a bonecada não dá luta, não responde. Ele não gosta de estar sozinho mas é de noite e a hora é de sonito.
Quando chego ao pé dele de madrugada, sento-me na cadeira estrategicamente colocada ao lado do berço e assim que faço um carinho e lhe coloco a chupeta na boca, ele vira-se para o lado e apaga. Mas isto não quer dizer que me possa ir embora porque para "um inquieto" (ele), "sonolento e meio" (eu) - já sei o que a casa gasta e um ou dois minutos após se virar para o lado, ele mexe-se como para acordar, isto quando ele não se vira e fica algum tempo com os olhos abertos, nariz quase encostado a uma almofada tipo chouriço com a qual o aconchego. Deve gostar do padrão do tecido ao luar! Portanto, nada de me levantar e ali fico a embalá-lo um pouco, sentado na cadeira, fechando aos poucos os olhos.
Frio, eu? Pois para combater a frieza da madrugada, também estrategicamente me deito vestido (calma), com umas calças de fato treino quentinhas (não gosto de pijamas) e uma camisola tipo polar de golas altas.
- Ah, poi não, queres ver!?
Adormecer, eu? Pois concerteza e acredito que primeiro do que ele, coisa que não sei porque quando dou por mim com (mais) dores de costas, mexo-me e o pescoço estala devido ao peso da minha cabeça pendente, som que se ouve perfeitamente no silêncio da madrugada e me abre mais a pestana. Olho para o Gabriel e já (ou ainda) dorme e fico a pensar que se calhar era melhor ir andando para a cama senão ainda fico com a forma da cadeira e faço figura de maluquinho quando for apanhar o comboio para o trabalho.

Havia de ser giro um tipo a andar pela rua em direcção à estação da Amadora, como se estivesse sentado numa cadeira! Tinha sempre lugar mesmo que não o houvesse e era capaz de enganar muitos ao sair... ainda pensavam que levaria o lugar comigo - "Olha o egoista... até leva o lugar com ele!" - e eu respondia - "Não, minha senhora / meu senhor... só sou Pai!"

E ele fica a dormir e eu saio pé ante pé, tentando não tropeçar em nada ou pisar o gato que se levantou e veio ver o que eu iria fazer "àquela coisa que por vezes faz barulho e esbraceja". Dependendo do Gabe, as noites podem até ser bem passadas, sem "sonitos maus".
Por volta das 06:00 já às vezes o ouço a bocejar, os primeiros sons, suspiros prolongados e fico logo a pensar - "Deixa cá ver os próximos sons como são, se demonstram inquietude (fome) ou não!".

De resto, é a saudação do costume - O Melhor Cumprimento Matinal, O Melhor Sorriso, A Melhor Maneira de Começar o Dia.
É bebé.
É Gabe, the babe.

domingo, outubro 10, 2010

O Crocodilo, Dilo & Amigos






O Dilo poderia ter vivido na terra do Bob, O Construtor ou na terra do Noddy e se assim tivesse sido, concerteza teria sido muito feliz e com muitos amigos com quem brincar e falar. Mas não.

O Dilo vivia noutro lado, num lugar muito especial e bonito, habitado por muitos outros como ele e diferentes também, todos em perfeita harmonia, conversando, brincando e também, indo à escola, duas vezes por dia, uma de manhã e outra de tarde. Para dizer a verdade, o dia todo era passado na escola mas fazendo sempre coisas diferentes: as conversas e as brincadeiras tinham todas haver com as lições. Todos sabiam porque estavam ali; aprendiam conforme o propósito para o qual foram criados: o de serem brinquedos de bebé. Havia de todos os tipos:

- os que podiam ir ao banho com o bebé;
- os que ficavam pendurados na pega do ovo para distrair o bebé;
- os que ficavam pendurados no ginásio para o bebé brincar;
- os que tinham uma argola no fim de um cordel que se puxava e dava música;
- havia um batalhão dos célebres Patinhos de borracha;

... e para além de muitos outros, haviam os que serviam para ser mordidos. É aqui que encontramos o Dilo.
O Dilo, tal como os outros brinquedos, adorava brincar e mal soube a razão pela qual foi feito, quase não conseguia esperar pelo momento em que seria agarrado por um bebé e mordido. Mas também sabia que tinha muito para aprender e que as lições iriam ser de muita importância.
Eram lições do tipo de como se comportarem ao pé de um bebé e dos pais e de terem sempre um sorriso na cara e estarem sempre prontos para tudo, para o que desse e viesse, fosse riso, gargalhada ou o inevitável choro. E aqui, o papel deles era por demais importante porque teriam a responsabilidade de fazer companhia ao bebé e se possível, atenuar o choro de birra ou de dor, da malvada cólica. Sabiam que se não conseguissem fazer o bebé rir novamente, pelo menos ficariam ali, ao pé dele, nunca o abandonando.

Nada disto deixava o Dilo com menos vontade de aprender, bem pelo contrário. Sabia que se conseguisse fazer um bebé rir, chamar a sua atenção ou que fosse apenas ficar ao seu lado, ficaria com o coração cheio de alegria, contente. Por isso, levavam todos as lições muito a sério. Até nas brincadeiras.
Durante as brincadeiras, os bonecos eram divididos noutros grupos, misturados com outros com fins diferentes. O Dilo ficou num grupo com o boneco do cordel e argola na ponta que era um coelho (ao qual chamou de Argolas), um ursinho de peluche com uma camisola onde tinha escrito "Winnie, the Pooh" (mas que rapidamente apelidou de "The Pum!", em alusão aos puns do bebé), e também um conjunto de 4 bonecos pendurados num mobile, por acaso amigos do "The Pum!" - O Tigrão (ao qual chamava de Zebra, só para chatear por causa das listas pretas), O Burro (a quem chamava de Fera, só para chatear a Zebra), O Piglet (O Cheiroso), e o outro que reparou que era igual ao "The Pum!" (ao qual não deu nome mas pensou - "Bem... a seguir a um pum virá quase sempre qualquer coisa mas pensarei nisso mais tarde!).

Nas sessões de brincadeira, o objectivo era o de aprenderem não o que os outros faziam mas como aplicavam o que tinham aprendido e a interagirem entre si e o bebé. Das primeiras coisas que lhes ensinaram foi o de nunca ficarem tristes, mesmo se de um momento para o outro fossem postos de lado só pelo bebé ter escolhido outro porque iriam todos trabalhar com um só objectivo: a Alegria e O Bem-Estar do bebé.
Um dos lemas era: Um Boneco Feliz é com um Bebé ao Lado.

Assim, em plena harmonia decorriam os dias naquele lugar bonito, onde todos aprendiam que a Felicidade é estar com quem gostamos, é Sorrir aos bocadinhos durante o dia, é Rir com vontade e sem afectação até que nos doa a barriga, é Estar no Choro mesmo que só fazendo companhia, é Esbracejar, Inspirar e Expirar o ar com um Sorriso de orelha a orelha, é Conversar mesmo em bebélês tão somente porque a falar é que a gente se entende, é Olhar e Ouvir o que se passa à nossa volta para saber o que fazer e como o fazer, tudo para que ao encontrar finalmente o bebé, possam por em prática todo o seu saber.


Algumas horas atrás, estava na sala a ver televisão com o Gabriel na alcofa e ele começou numa birrita pequena. Olhei para ele. Calou-se e sorriu. Peguei no crocodilo, Dilo e colocando-o suspenso à sua frente, disse:

- Sabech o que é ito? Ête é o Crocodilo, Dilo e 'tá a olhar p'a ti... sabech pukê? Puke ele 'tá à espera que tu dês uma trinca na cauda dele! Poijé... é vedade, chim! 'Tás a ver que ele 'tá a olhar p'a ti e se tu não muderes a cauda dele, chabech o que ele vai fajê? Hum...? Ele vai dar um beijito no teu nariz! Assim... ó... (chuac)... Viste? Então vá...

A principio não queria morder e eu sabendo que o Dilo poderia ficar triste, fiz o gesto com os maxilares de trincar / morder algo ao qual fui imitado pelo Gabe, mordendo a cauda do Dilo. Fiquei contente e quase juro que notei um sorriso mais alargado na boca do crocodilo e um ligeiro piscar de olho. (Consegui...)

P.S.: um Obrigado a todos os bonecos, novos e antigos que fazem ou poderão vir a fazer companhia ao Gabriel.

terça-feira, setembro 28, 2010

Os bebés são como as tartarugas + 1 novidade

Não sei porquê mas o começo desta frase não me é estranho!
Mas é verdade.

Podemos dizer que o Gabriel partiu para as descobertas; não descobriu a pólvora mas volta e meia ouvem-se uns estalidos provenientes do interior da fralda e como se costuma dizer quando há som... também há cheiro (e acompanhamento!). É claro que, e no que respeita ao título em questão, nestas ocasiões é mais parecido com um cágado na versão Acordo Ortográfico.

Já havia descoberto as bolhinhas e o som prolongado com os lábios que só pára quando o ar se esgota nos pulmões e os perdigotos finalmente pousam. A última descoberta que fez foi a de que não gosta lá muito de sopa e a penúltima foi a de que tem uma língua.
Num dos discursos que a propósito, estão a tornar-se como os de Fidel Castro (looongos...) mas estes acabam com a intervenção popular, fui confrontado após alguns segundos (poucos) de silêncio e com uma lingua de fora virada para mim. Talvez o discurso fosse contra os Revolucionários (nomeadamente, eu) que não deixam os bebés falar à vontade mesmo quando a birra é de sono e ele(s) gosta(m) é de gritar e esbracejar.

Mas sono é sono e as sopas, Gabriel, não são todas iguais e lamento... não tens safa possível, filho. Nem eu nem a tua mãe porque a sopa de que não gostas terá de ser comida por nós mas com um bocado de sorte, pode ser que o gato Patitas lhe dê destino.

Por enquanto, ainda faz descobertas por fases e já penso no que não queria - quando as juntar todas num único momento... não haverá babete que aguente!

Mas tal como as tartarugas num aquário, no berço o Gabe descobriu que ao aplicar força nas pernas, consegue virar-se e que se fizer força a mais, fica quase de barriga para baixo, com um braço debaixo do corpo e aí só lhe resta "chamar" através de um lamento prolongado - " Ããããããããã... Ããããããã..." - do estilo - "Tira-me daquiiii..."

É assim, a tartaruguita Gabriel.


P.S.: Sim... na foto o Gabe está a morder a cauda a um crocodilo numa prova de que há tartarugas carnívoras.
A novidade?
Já não se trata do Desdentado Mais Bonito do Mundo.
Temos dentito a caminhoooooooo !!!

quarta-feira, setembro 15, 2010

A hora do sonito é sagrada


... mas nem sempre levada à risca sendo quase como um católico não praticante.

Quando comecei a introduzir o Gabriel à prática do sono, fiz questão de o apresentar a Joana Pestana, de quem ele gosta umas vezes, outras nem tanto e outras agarra-a ainda ela não sonha vir ter com ele.

Depois de uma refeição, se o sonito não vier logo, vem a brincadeira e as conversas com os bonecos pendurados no ginásio: fala com eles, zanga-se, escolhe um e espeta-lhe uma sapa enquanto solta gritinhos e sons bem altos e isto dura até eu perceber os primeiros indícios da birra de sono: É um misto de choro não chorado e conversa chateada (os bonecos não respondem nem quando atiçados com uma galheta!). Nesse momento, coloco a alcofa ao pé de mim, ponho a chucha na boca e passo com os dedos pela face, sobrancelhas e nariz. E funciona.

Funciona rápido quando ele rapta a Joana Pestana e parte com ela para parte incerta; mais ou menos quando insiste, de chucha na boca numa conversa de surdos porque eu não quero ouvir aquela conversa nem ele me quer ouvir a mim; ou então é artista, come enquanto dorme, balbuceia mas não diz grande coisa e depois é só virá-lo para o lado.
Baril!

P.S.: (a 10-09) fui com o Gabriel ao Centro de Saúde para a vacina e qual o meu espanto quando no momento da pica, já eu falava com ele a algum tempo, ele continuou sorridente e nem chorou. No entanto, reparei no meio dos sorrisos, um ligeiro abrir das pupilas quando a seringa entrou na pele; olhou para mim e continuou, provavelmente por ter pensado que se eu continuava a sorrir e a falar com ele, então aquilo que sentiu não deveria de ser nada de mau. Gostava de pensar que foi o que ele pensou.
Foi uma óptima surpresa.

As conversas são uma "loucura"!


...e quem as ouvi-se ainda pensava que o pai estaria sob o efeito "daquelas coisas que fazem rir". Mas não; a droga é outra - é bebééééé!!!

Todas as conversas são em dialecto "bebelês", perceptível apenas aos mais atentos e quase tudo (para mim!), é motivo ou instrumento para uma conversa / história.
Há rituais que seguimos, tal como a mudança da fralda antes do biberon, afim de evitar levar com coisas mal cheirosas a sair de um rabito daqueles ou ter uma amostra viva do menino da fonte em Bruxelas.
Sim, já aconteceu mais que uma vez. Comigo, ainda fui a tempo de colocar um toalhete bem em cima e consegui evitar o repuxo!

Portanto, um dia antes de "uma fomica", via a fralda e nesse momento enquanto o mudava e para acalmá-lo porque já é hora e o estômago já reclama, comecei a contar uma história acerca do Melhor Rabito de Fralda das Redondezas.
Não sei se em tempos idos teria havido tal competição mas isso pouco ou nada interessa porque desde que fale com ele como ele gosta, até poderia estar a ler o Diario da República que a coisa passava por interessante.
Assim sendo, durante a muda comecei a falar com ele com a minha voz de bebé-adulto.

- Poijé Gabiel, temos de mudar uma fauda puke o rabito tem de tar limpito. um rabito limpito é um rabito bom.

A cada frase, acentuava a palavra final, aproximava-me dele, e se ele já sorria, acabava por dobrar o riso

- Xabech pukê? Puke houve uma altura em que haviam muitos rabitos de frauda e os sinhores (pausa para o fazer rir), decidiram (nova pausa), fajêr (pausa), um concurso (e nesta altura já dava gargalhada). É vedade, chim. E então... para a gente partichipar... temos de ter o rabito limpo e a fauda também.
Pois... majé o teu puke só podem cher rabitos que caibam nas fraldas.

Eu sei que quem ler isto poderá pensar que eu também poderia participar porque existem agora fraldas para adultos mas não, eu estou muito bem assim, obrigado!
Continuando...
A risada era grande e já durava a algum tempo e o resultado final foi um lindo rabito de fralda, digno de uma vitória no concurso.

Cada muda de fralda tem uma história e é uma festa, interrompida por vezes após a abertura em que o riso (o meu riso), passa a sorriso amarelo, respiração lenta e pausada, enquanto o dele é quase de gozo, de orelha a orelha - Toma lá disto!
É quase uma pausa para olhar o fogo de artifício lá bem no alto... em apneia.
A risada é retomada e a seguir é a "fomica".


É um exagero mas quase dá para ver as células a multiplicarem-se.


São 4 meses (no dia 4 de Setembro), 7 Kg e 65cm de Gabriel.

Muita atenção às coisas e a ele próprio; o Gabriel já desconfiava que os pés eram dele e é engraçado vê-lo a franzir a sobrancelha observando os pés e sem muito esforço agarra as pernas e trá-las ao peito.

O meu período de Licença de Paternidade está no fim, sendo Setembro o último mês. Desde a primeira fralda e body que alguma vez mudei e vesti, já passaram 4 meses.
Os momentos têm a intensidade que têm e as lições que o Gabriel me tem dado são fortes, algumas tão simples e no entanto carregadas de significado - desde a manhã em que acorda e nos presenteia com o maior e mais bonito sorriso desdentado do mundo até aos sons que faz nos monólogos que tem. Agora, junta-lhes bolhinhas e "gritinhos".
As conversas são excelentes e mais elaboradas até com os bonecos que estão ao pé dele.
Este é um momento de transição com a introdução das sopas e papas e com a facilidade em fazer bolhinhas, a coisa promete.


Existem, claro os momentos em que não sabemos o que fazer aquando dos choros de dor ou de birras; tudo nos passa pela cabeça, tudo e também com mais intensidade os sorrisos e as conversas que temos e agarramo-nos a isso porque (pura e simplesmente), vale a pena. A impotência em resolvê-los rapidamente como se de um interruptor se tratasse, é real mas não é nada que não se ultrapasse. porque o Amor existe. É um bebé e manifesta-se como pode e cabe-nos a nós tentar perceber "os quês".

O Gabriel está bom e recomenda-se.
O Gabriel é o Maior!

quarta-feira, julho 28, 2010

Quando eram 2 (...falando de gatos)

Foto: Caos & Revolução a dormir


Foto: Caos & Revolução a conspirar.


2 meses (3 meses no dia 4). O gato, esse já é maior de idade!

foto: Patitas BadBoy


Os bebés são como os gatos. Cheguei a este pensamento enquanto olhava para o Gabriel e o gato Patitas passou.

Pêlos à parte, comem, cagam e mijam e dormem e, no caso do gato, por vezes também bolsam. Há-de haver uma altura em que o Gabriel vai gatinhar; aí só espero que não seja como me contou ontem no trabalho uma senhora que me disse que volta e meia o filho apanhava cotão do chão e punha na boca (tal como os gatos).

O Gabriel já quer prestar atenção às coisas e tenta segurar a cabeça olhando para todo o lado e nem a visão tremida perante a dificuldade em segurar a cabeça o faz parar mas o Patitas ganha na atenção que presta ás coisas e leva-nos ao desespero quando trazemos compras e se mete dentro dos sacos ou se colocamos uma prateleira ou mexemos num móvel, salta logo para cima, como quem diz - "Como será a visão deste ângulo...?"

O Gabriel e o Patitas fazem as necessidades em local próprio mas enquanto um fica-se pela fralda, o outro sai da caixinha com o Síndroma Hensel & Gretel, deixando um trilho de pedrinhas pela casa fora. Neste caso, valha-nos a fralda.

Uma vez por outra é necessário cortar as unhas a ambos e se no caso do gato é importante para não arranhar (mais!), outras coisas que não o peixinho feito de corda que ele pouco utiliza, no bebé Gabe é para não se arranhar a ele próprio ou à mãe ou o pai quando lhe dão de comer e ele se entretém a agarrar a nossa mão, fechando-a, fechando-a, até só restarem as unhas como último recurso.
São pequeninas mas deixam marcas.

O Patitas, se me vê levantar durante a noite ou mesmo durante o dia, começa a miar para me chamar a atenção para algo: a caixinha cheia ou a falta de comida. Se formos a ver, não difere muito do bebé Gabe que chora quando tem fome, cólicas ou a fralda suja. Neste caso o Gabriel marca a diferença porque começa a descobrir os sons que faz (outros que não os peidos!), e desata a palrar durante minutos.
Digamos que se um já mia desde a nascença, o outro começa a descobrir o próprio miar.

Chegam a estar a dormir ao lado um do outro, um na alcofa e o outro na caminha dele, tipo cesta de vime alta e ambos com mantinha para o frio.

A necessidade ou o instinto de procurar a presa, leva o Patitas a correr pela casa às patadas a uma tampinha de plástico e a trazê-la na boca para local seguro, só para voltar a dar-lhe nova real porrada iniciando um ciclo que, de madrugada acaba tão rapidamente quanto eu consiga apanhar a tampinha e escondê-la. Sou um desmancha-prazeres de gato mas o sonito é bom e faz crescer.
O Gabe perde aqui para o gato porque (ainda) não corre pela casa fora à noite atrás de uma tampa e só faz o gesto com o pescoço empurrando a cabeça para a frente, para agarrar com a boquita a pipeta do biberon.

Neste momento, o bebé Gabe acordou (são 22:53), fala consigo próprio e o Patitas anda para trás e para a frente pela casa com uma tampinha de plástico (claro!) que está a vender cara a derrota e se recusa a morrer.
Veremos como as coisas correm e só espero não encontrar o Gabriel lá mais para a frente a pôr uma fralda ao Gato e a fazer as necessidades na caixinha; não gosto desta e de outras imagens que me passam pela cabeça e pelo menos isso a acontecer que não espalhe pedrinhas pela casa e limpe os pés ao sair da caixinha.

P.S.: Bjs para o filhote e Mamita e GMDTuala

foto: Se forem servidos, não têm vergonha nenhuma...!

quarta-feira, julho 14, 2010

2 Meses e 10 dias


São 5.740 Kg e 60,5 cm, "conversas" e sorrisos até mais não (fora as cólicas que persistem).

Os sorrisos surgem enquanto dorme, alguns "quase" estilo gargalhada mas sem o ar nos pulmões que dá aquele resultado sonoro que estamos habituados a ouvir. Quando alguém fala com ele, olha e presentei-a a pessoa com um sorriso, por vezes maroto e tímido (sai ao Pai...!), isto se não preferir sorrir e mandar a cabeça para o lado também em jeito de marotice e timidez (saindo ao Pai, e à Mãe mais pelo efeito de "mandar a cabeça para o lado").
Connosco, basta uma mudança de fralda para haver assunto para uma conversa e começa cada vez mais a pedir atenção; se chegamos ao pé dele durante um choro e começamos a conversar, não demora muito a passar para um sorriso e abanar de braços.

Já verificámos vestígios de gargalhadas que o Gabriel quer dar quando "conversamos" com ele; eu tento imitar os sons que faz e acrescentar outros, alguns involuntários quando ele me faz rir ou soltar uma gargalhada - fica de olhos abertos, admirado pelo "som novo" que ouviu.
É giro!
Quando o cansaço nos surge mais forte quem nos safa são os bonecos que tem no ovo (Tuga, A Tartaruga, o Zangão Abelhão, um espelho pequenino em forma de flor que o distrai com reflexos e um coelho que dá musica quando se puxa um cordel, ao qual não dei nome porque acho que não se deve dar nomes a bonecos que têm cordéis a sair do rabo que apesar de darem música aos bebés poderem ser objecto de "influências estranhas" e a terem nome seria algo começado em "Rab" e acabado em "eta", e outro (Dilo, O Crocodilo, em forma de "C"), que tem na alcofa, daqueles que serve para morder; em algumas situações, basta eu estar sentado no sofá a segurar o boneco pelo dedo bem acima dele, para o Gabriel começar a interagir.

Quanto ao Dilo, vou ter de arranjar maneira de o ter suspenso de algum lado porque senão ainda fico com tendinite no braço (geralmente é o direito) e não sei se durante a Licença de Paternidade é considerada "doença profissional"...!
Tenho de ver isso.

Bem... vou aproveitar enquanto ele dorme para fazer umas coisas.

P.S.: O título desta foto abaixo é - "Cá 'tou eeeeeeeeeuuu...!", mas também podia ser - "Ó p'a mim Lindo, ó...!".






sábado, junho 26, 2010

1 mês e três semanas



São incompreensivelmente adoráveis as conversas monólogos que tenho com o Gabriel. Nunca entenderei o dialecto sonoro dos bebés mas recebo cada som com o coração aberto, como cada minuto que passa.

O bocejo surdo e a careta do sono são excepcionalmente bonitos. Chega até a ter uma conversa consigo próprio, assim do estilo - "Adormeço ou não? Que chatice...".

Converso, ou deveria dizer "monológo" muito com o Gabriel e noto que ele gosta que falem com ele. Os sons que emite são música para mim; ele é o cantor e eu um dos fãs. Até faz música enquanto dorme e muitas são as vezes em que penso que ele está acordado e está a sonhar ou a compôr novas melodias!

Os sorrisos sonoros são carinhos dele para nós, seja enquanto dorme ou acordado. É admirável o esforço que faz de boca aberta, julgando que vai sair um grito e apenas saindo um suspiro risonho.

Verdade seja dita, são mais os monólogos do que as conversas, sendo as últimas uma nítida troca de sons. Não estou um perito em linguagem de bebés mas já reparei que repetindo várias vezes alguns sons, antes de me responder da mesma forma, brinda-me com sorrisos.
A cada dia que passa as melodias só melhoram.

Outros sons são um martírio e dor no coração - as cólicas. Esperamos que a fase passe depressa e calculamos estar no bom caminho porque os sorrisos superam o choro.



Com um Beijo Risonho, dos Papitos para ti, Gabriel:


CHUAC...!

terça-feira, junho 15, 2010

Como é bom levar um sorriso às 05:25


Como é bom levar um sorriso de madrugada, em vez de uma fralda cagada.

Rima e é verdade. Não é uma verdade de La Palisse mas é uma verdade de Gabriel que concerteza terá outras que descobriremos ao longo do tempo. Mas é verdade.

Um mês e onze dias, 4 quilos 500 e qualquer coisa, a caminho dos 5 quilos que se já os não tiver, não sei não porque o ovo pesa cada vez mais mas ao qual teremos de descontar o peso liquido ou sólido de uma fralda suja.
Este tempo todo depois de muitas "fraldas surpresa" em que o conteúdo apesar de ser o mesmo de outras vezes e mesmo não percorrendo as cores do arco-íris, descobri diferentes tonalidades de caca:

> verde esparregado - perfeitinho de fazer inveja ao mais dotado dos pintores (o Van Gogh até era capaz de cortar a outra orelha!), capaz de brilhar no escuro. Nos meus olhos deixava um brilho com a mesma rapidez que a minha boca fechava e eu racionava o ar que entrava nos pulmões;
> verde salpicado de amarelo, assim tipo milho misturado cortado aos bocadinhos;
> verde torcido cornucópia intermitente de amarelo torrado (ou se calhar, queimado!!!);
> verde chouriço duro, consistente também de cor escura, de criar uma lagrimita ao canto do olho tal o esforço do pequenito na criação do mesmo;
> verde chouriço normal, nem muito escuro, nem muito claro mas de verde alface, garanto que não tem nada!

Aqui pode parecer haver uma tendência para o verde o que poderia ser um indicador de algo ou provocado pelo facto de eu olhar através da ramela que me povoava os olhos nas madrugadas; no entanto garanto uma coisa:
- Gabriel, filho... podes cagar verde à vontade mas respiras vermelho por todos os poros e mais alguns (os meus e os da tua mãe). SLB 4Ever!

E que ninguém diga - Bem, ninguém é perfeito! - porque com a perfeição que faz as tonalidades do verde, esperem só pelas outras cores do campeonato (e para o azul nem que lhe tenha de pôr Blue Curaçao no biberon!). Tome lá disto!

Mas vale sempre a pena quando a Alma não é pequena e o Amor cresce devagarinho ao ritmo de Gabriel, forte como as cagadas que faz (por enquanto, só na fralda) e compassado pelo "tic tac" de um coraçãozito pequeno mas com a força de berros que dá (quando a gente se atrasa uns segundos com o biberon).
Cantor - tal o grito que dá ou dos genes do pai no Karaoke ou da mãe no SingStar na Playstation2;
Astronauta - da forma como estica os braços e o pescoço ao céu quando grita ou que seja pelo facto de quando atingir a maioridade os carros já voarem;
Pintor de Especificidade - pela fixação nas tonalidades, para começar mais no verde.

Sejas o que fores, és o que és: o nosso filhote Gabriel que me presente-as-te com uma barrigada de sorrisos à tarde (uns 7 ou 8) e esta madrugada com meia dúzia mais enquanto te trocava o fato - Fato, sim porque senhor que é senhor não dorme de pijama e sim de fato de dormir... que neste caso é um body masculino Made in Heaven Especially for Gabriel.

O Gabriel dorme, a Mamita Ana também e o Gato Patitas ja chegou e aninhouse na sua cama ao lado do Gabriel. E agora é a minha vez; o Papito Fernando vai dormitar.







segunda-feira, maio 17, 2010

E QUEM NÃO SALTA, NÃO É PAI...

... huuuãããã... um sonito é sempre bom.


sorrir ajuda, já o diz o meu Papito Fernando


kem chamou o Gabriel...?


quantos são...? hein...? Quantos são...?


seja o que fôr... dá sono!



a fazer contas à vida



sexta-feira, maio 14, 2010

Pois, quem disse que é fácil...


...deve de estar com uma cara destas porque dar de comer de três em três horas... vai lá, vai!
E quando decide (é esse mesmo o termo) que tem fome antes da hora? Não se lhe pode responder que o refeitório só abre daí a uma hora ou que só faltam 20 minutos, nada disso! Toma lá comida e pronto!
- Depois, se não se importam é mudar-me a fralda, limpar-me o rabinho e deitar-me de lado de preferência, caso eu bolse e prefiro assim e sabe-me bem. Obrigado e pouco barulho.

Insónias?! Não, não... é bebé, mesmo!
Nunca pensei em estar às 02:45 da manhã a dar biberon e para me distrair liguei a tv e ela começou a debitar musica clássica, mesmo a propósito, no canal BabyTv. Quando o canal surgiu, pensei que fosse ser um fiasco, ideia de alguém sob a influência de metanfetaminas com 100% de pureza, tal a quantidade de cores que passavam no écran. Primeiro era musica clássica e cores tipo LSD, depois foi LSD e notas em xilofone.
Não aguentei muito e mudei de canal para o MGM que passava cenas bem fixes e sem cores psicadélicas o que era bom porque mais umas cores maradas daquelas e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens ainda me batia à porta.
- Espécie Mortal III. Baril para dar o resto do biberon! - Passado algum tempo quando vi na tv um mutante um tanto ou quanto parecido com uma cagada que o Gabriel havia feito antes, vi que também já não havia mais leitinho e ele estava de olhos fechados - Ainda bem. Toca a dormir também.

De outra vez, já a tv estava no Hollywood com o VanDamme, por volta da mesma hora a distribuir porrada a tudo e todos. Mesmo com sonito ferrado, leitinho é leitinho e toca a dar biberon.
Os dias correm com a malta cheia de sono. Realmente, era melhor se eles já viessem com uma certa idade em que já limpassem o próprio rabinho e era mais fácil dar-lhes 5€ para ir comer um bolo ou um sandes; mas aí perdia-se o que já me disseram, os melhores tempos e já reparei nisso.
Estar a olhar para eles e pensar que esteve a desenvolver numa barriguita durante 41 semanas e o resultado é um narizito tão fofo, orelhitas pequenitas e um cheirinho de bebé tão lindo, era mau se assim não fosse.
E os sons? Os sons são um espectáculo, desde o soft até ao agudo (bem agudo!), ou "balbuceia sons conversados" aos quais eu respondo ou abre as goelas e solta um gritinho curto muito giro que se torna menos engraçado quando, a plenos pulmões solta um "gritinho" bem mais prolongado que nos faz desviar a cabeça, tal a maneira como entra nos ouvidos. Mas é assim.

Um minuto de cada vez e os momentos ao máximo porque não voltam atrás.
Gabriel 4Ever.


quinta-feira, maio 06, 2010

17:00 - dia 03-05-10 - Bloco de Partos


... e fomos para o Bloco de Partos. Rebentaram as águas e desde esta altura as contracções foram-se intensificando e tudo o que lhes está inerente. Estive com a minha Ana o tempo todo até às 23:40, altura em que lhe deram (finalmente!) a epidural. Só aí é que a enfermeira nos disse que o trabalho de parto iria começar.
Ficámos a olhar um para o outro - ... então, até agora tudo isto era... a dilatação e contracções?!
Nesta altura, falámos um pouco e foi decidido eu ir a casa ver do gato Patitas e descansar um pouco, agora que a Ana estava bem melhor e sem dores.
Descansei um pouco até que me ligaram às 01:30 da manhã a dizer que a Ana tinha ido para o bloco de partos e nem demorei de minutos a lá chegar quando me disseram que a cesariAna já tinha começado e que teria de esperar.
- Desculpe... cesariana? Não, não... eu quero assistir ao parto. Não é cesariana!
Mas foi. E tive de esperar.
Passado algum tempo perguntei por ela, chamaram-me depois para me dar os parabéns que tinha nascido e era Pai e que tudo tinha corrido bem.

Um sentimento BOM entrou em mim mas não chegava. Precisava vê-los.
Esperei mais um pouco, liguei para o meu Pai, liguei para a mãe da Ana e para o meu cunhado Zé.
Quando os vi é que fiquei mais descansado; lindos os dois, um sorridente e outro bem enrroscadinho no quentinho. E eu a chorar a pedir desculpa, queria ter assistido mas não me deixaram entrar, deixei-a sozinha e não queria tê-lo feito.

Tive de me vir embora enquanto eles iam para a sala de observação Pós-Parto.
Ainda fiquei um bom bocado no largo, ao pé das ambulâncias nas Urgências a respirar o ar fresco da noite, um novo ar para um Novo Ser.
O Gabriel já cá estava. Estava ao pé da mãe no quentinho.

GMDTuala & Gabriel

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Daqui a pouco vou vê-los e ficar com eles até ao fim do dia.
Ontem mudei a minha primeira fralda; enquanto a Ana dormitava, peguei no Gabriel ao colo e andávamos "em amena" conversa, ele emitia sons e eu repetia, e comecei a sentir um "punzitos" lá bem no fundo na palma da minha mão que o amparava.
- Bem, moço... 'tás a dar-lhe bem e logo a mim... - e nem acabei a frase e toma lá mais uns "punzitos". Decidi esperar e bem o fiz porque nova mini-sinfonia em (único) "dó menor" se seguiu.
Quando finalmente o pousei para lhe mudar a fralda... digamos que tão depressa não comerei esparregado ou qualquer outro legume por mais bem passado que esteja ou sequer por passar. Foi bem Real, o momento. Ontem, o primeiro de outros dois. Cá estarei para mais.

Bjs para Gabe, the Babe

Dia 03-05-10 Consulta e Internamento


No Domingo ao deitar havia no ar uma nuvenzita de apreensão que de manhã ao acordarmos se transformou num olhar de um para o outro, de...
- ...pois! Parece que é hoje...!
Como já nos haviam dito que seria provocado hoje, para mim havia algo de surreal, assim do estilo Hipermercado - Vamos lá e pronto! Vê-mos as prateleiras todas e trazemos um... já está!

A "barriga cheia de bebé" está prestes a esvaziar-se.
Às 10:40, mal teve tempo de trincar uma sandes e foi logo chamada para o CTG. Estamos "a pé" desde as 08:40 +-. Esta ida ao Hipermercado iria ser a mais demorada que já tive:
- Tanto tempo só para ir buscar uma coisa, pá! Chiça penico...!

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Lá fomos internados. Eram 13:22 e sentado ao lado da cama da minha Ana, ouvia enquanto ela almoçava, os batimentos cardíacos do bebé Gabriel. A indução do parto havia começado pouco antes e a enfermeira tinha dito que eu podia ir almoçar e vir mais tarde, apenas com a paste de dentes e escova e o kit de preservação do cordão umbilical do Gabriel.
Soou um pouco a seco, assim como se eu tivesse acabado de deixar o carro na oficina para uma revisão e lavagem de estrada... - Olhe, pode deixar e vir mais tarde, está bem? Daqui a 3 horitas 'tá bem para si?

Bem, nas oficinas eu sei bem como as coisas funcionam mas daquilo do parto, digamos que eu era apenas um Carneiro "virgem", à espera de um filho Touro de... uma Virgem.

Às 14:00, o Gabriel dava-lhe bem nos batimentos cardíacos e dava gosto ouvir mas contracções... nada.
Quando a Ana perguntou à enfermeira quanto tempo poderia levar desde a indução, a resposta deixou-a sem palavras - Olhe quando foi de mim, entrei numa 6ªFeira e só saí no Domingo.
"Baril", pensei eu, "Cama, comida, roupa lavada, roupão e umas cuecas lindas de morrer, de renda como sempre quiseste ter. Confessa lá... na tua lista de Coisas a Fazer, consta lá em letras bem grandes: utilizar um napron como cueca. 'Tás a ver... já podes riscar essa!"

Se me lembro bem, também tive direito a cueca quando fui operado mas era de plástico ou coisa assim; o robe é que era aberto atrás e quando me levantei para ir tomar um banho é que me lembrei e foi a auxiliar, meio a rir que me segurou no roupão enquanto eu lhe dizia - Veja lá... feche isso bem. posso-me constipar e um espirro por aí não é nada agradável!

14:40
Ana - Olha queria era tomar um banhito!
Eu - Outro? Tomaste um ontem ao deitar...
- Sim mas água quente ajuda e já que não posso ter um parto dentro de água...
- ... tens um em cascata, certo?
Rimos bastante com esta.

Gabriel is in the house


... Mundo... cuida-te porque o Gabriel já cá mora!

Este é o 3º dia do Gabriel, o 3º de muitos dias e de incontáveis minutos e segundos.
Acompanho-os o tempo todo no hospital e mal posso esperar que venham para casa. A casa não é a mesma sem a minha Ana, apenas eu e o gato Patitas. Mas a minha Ana não vem sozinha e trás um Ser lindo, precioso, com cheiro a bebé, um pestanejar bonito e narizito perfeitinho, cabelito ralo mas com power e outros pormenores íntimos que não revelarei afim de o preservar e dar-lhe posteriormente, o direito de surpreender as garotas (mas tem Power, isso tem!).
Nota-se que já reparei nestes pormenores todos, não nota? Hein...? Fixe.

Estamos a recuperar bem, devagar como tem de ser, sem pressas e agora com tudo o que está inerente à presença de um bebé; cuidados, amor, carinho, cuidados, amor, carinho, cuidados.

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O que pensávamos que seria o Dia G (de Gabriel, claro), começou na 6ªFeira, dia 30 de Abril, com um telefonema da Ana às 08:40 para o meu trabalho, debitando vagarosamente e notei eu com um sorriso nos lábios, palavras doces:
- Olá, meu amor. Olha... tem calma...
- ...estás bem?
- Sim, está tudo bem. Escuta, perdi algum liquido... creio que é agora... não precisas de vir por aí "a 180 kmh" ou algo parecido. Ainda dá tempo para chegares e irmos para o Hospital. Dá para acabares de fazer o que tens para fazer.

"Exacto", pensei eu... "é mesmo isso que vou fazer, acabar isto! Fecho o computador e piro-me já num virote!"
Cheguei a casa com o ar mais apreensivo, ansioso, olhar esbugalhado e calado do mundo. Estava na hora. A Ana com um olhar Feliz e Contente tentava acalmar-me enquanto eu reunia as coisas para levar para o hospital e eu, Esbugalhadamente Feliz Apreensivo Mas Contente.

Mas não. Após algum tempo nas Urgências de Grávidas, não estava na hora. A perda de liquidos não era significativa e fomos recambiados para casa, tendo atenção a qualquer sinal que pudesse ocorrer no resto do dia e durante o fim de semana. Neste momento já nos havia sido dito que se iria aproveitar a consulta marcada para a 2ªFeira seguinte para uma nova avaliação e posterior internamento afim de o parto ser provocado.
De 2ªFeira, não passaria.
E a "coisa" pedia um pouco da sua "piada". O factor surpresa... foi-se.

terça-feira, abril 27, 2010

Últimos dias a 2 (e meio) - Eu e a Ana.


Estamos a Sábado, 24 de Abril, véspera da data assinalada para o parto e decidimos ir dar uma volta até à praia, sabendo que durante "uns tempos" tal não ser possível.
Fomos mas levámos o Gabriel connosco, assim para lhe dar uma "antevisão de praia", do Sol, dos sons das ondas, das pessoas na praia, das crianças a brincar e de mim a rir ao ver um tipo um tanto ou quanto balofo a tentar equilibrar-se numa daquelas pranchas fininhas para deslizar em poucos centímetros de água; pois concerteza, com aquele peso... caiu (e mais que uma vez).
A maré estava a encher e creio que ele (também) terá tido alguma cota parte nisso!

Soube bem passear com a minha Ana pelo areal molhado. O dia estava bom e a água estava mesmo convidativa mas ficámos apenas pelos pés molhados.
Não andámos muito porque estamos no fim do tempo de gravidez, a barriga pesa e já começou a baixar. Mas soube muito bem andar aquele bocadito, sair um pouco de casa e sentir o Sol na pele.

Lembro-me de documentários naqueles canais temáticos, acerca de gravidez e desenvolvimento do feto / criança, "situações externas" e como o bebé reagia. Num deles via-se, através de uma mini-câmara colocada no útero a criança a reagir à luz solar e na praia no Sábado comecei a pensar como estaria ele a reagir; estaria a tapar a cara àquela claridade inesperada? Gostei da ideia.
VIDA naquela barriguita linda.

Entretanto, chegou o dia "anunciado" que passou sem sinais de o Gabriel querer sair. Acredito que lá dentro se esteja bem (não me lembro lá muito bem como é...) mas o espaço começa a tornar-se um pouco apertadito.
O espaço para os orgãos todo reorganizado durante nove meses de gravidez, o estômago cada vez "mais perto da boca" (Azia... Azia...), os pulmões cada vez mais... ...(tipo, policia sinaleiro a dar ordens) - Para aquele lado porque para o outro vai outra coisa mas não muito porque ainda tem de sobrar para outro orgãozito, para o que se espera, "numa hora pequena", acontecer o parto e todos tomarem o seu lugar original.

A gravidez é como um transporte (autocarro) alternativo em dia de greve que se vai enchendo de pessoas a empurrarem as outras que já lá estão dentro porque no pensamento do tuga, "há sempre lugar para mais um!". Mas, para ser comparado (por mim, claro!), à gravidez, o transporte tem de funcionar como um Expresso que só pára na última paragem onde todos finalmente saem, esticando as pernas e bufando de calor.
Pergunto-me, se aquando do parto se conseguirá ouvir no meio de toda aquela agitação da criança que saiu, da Ana a gritar comigo porque desmaiei e estatelei-me no chão a agarrar-lhe a mão - O que é que estás aí a fazer deitado no chão! Levanta-te, criatura que o teu filho já nasceu...! - e rouco de tanto gritar acompanhando os gritos (poucos, espero), dela... , um suspiro surdo em uníssono - Uufaaa...! - , de todos os orgãos ao retomarem os seus lugares originais, fartos de serem comprimidos e de levarem socos e pontapés - Chega para lá que preciso de espaço! - , e...
... e agora, com um sorriso reparo:
- Terão sido estas as primeiras palavras pensadas pelo Gabriel?

- Chega para lá que preciso de espaço!
- Tenho de me alimentar... estou a crescer. Ó mãe... vai comer que 'tou com fome! Rápido e algo que eu goste senão provoco-te um vómito daqueles... Ó pai... mexe esse rabo e vai fazer o comer para nós!
Vite, vite!

Huuummm... não o estou a ver a falar (pensar em) francês mas a primeira e última parte já acredito.
(Choro... choro... choro... fome, caga e dorme)
- Ai, ai, ai...!

segunda-feira, abril 19, 2010

A Enciclopédia



E é verdade! 'Tá quase...! 19 - 04 - 2010



38 semanas, 3.200 Kg, Percentil 77 e daqui a pouco tempo está na minha altura, sozinho em casa com o Gabriel e o Patitas (o gato), tão depressa passa o tempo. Mas até lá, ficarei ao mesmo tempo que a Ana (para me ir habituando) porque assim partilhamos os dois os primeiros tempos.

Não se trata de ter receio de estar sozinho com o Gabriel (sussurro - porque até tenho...) mas há coisas que sei de ter ouvido (em tempos), pessoas a conversar e outras que fui descobrindo há bem pouco tempo (a Internet é um mundo lindo...!), e até é capaz de dar algum jeito o computador estar no quarto do Gabriel... simples: coloco o Gabriel em pausa e vou pesquisar o que precisar.
As pessoas que falam comigo ficam incrédulas quando digo isto de utilizar o computador enquanto a criança fica em pausa, num esgar de choro mudo. É bem feito para essas pessoas - Toma...! - só porque ao saberem que ficarei a maior parte do tempo, dizem logo - "... aína, pá! Tu sozinho a mudar fraldas?!?!" - e riem que nem uns palermas.
É claro que não vou à Internet! Pelo menos logo, não. E não é por ser impossível colocar um bebé "em pausa" como num jogo... não é, pois não?
(suspiro... que pena!)

- Palermas...!
Pois. Também penso nisso e nos choros a toda a hora mas criança é criança e por mais que me mentalize de que estou preparado, eu digo sinceramente que sim (que me mentalizo).
Não tremo como varas verdes mas já imaginei várias vezes a minha cara, olhando para uma fralda cagada e ver algo verde a sair de dentro de mim directo para a fralda... já que está suja...!
Para este começo de Saga, é capaz de contribuir a visualização do filme "O Chupeta", com Vin Diesel, ou como a Ana lhe chama - "Aquele brutamontes com as crianças?" - e eu calmamente respondo:
- ... mas o tipo desenrasca-se, ó Ana. E isso, é que é importante!

Cálculo que terei fases em que não saberei para que lado me hei-de virar e que terei de um lado, um ser lindo a chorar e do outro um gato a olhar estupefacto para um palerma que ainda vai demorar uns segundos a pensar o que fazer, no que agarrar, "onde estava o resguardo para o xixi?", "será que uma fralda colocada no Patitas teria o mesmo efeito que no bebé?".
É melhor não porque as fraldas já são caras para um quanto mais para dois!

P.S. do Gabriel (directamente da barriguita da mamã): Parabéns, papá. Hoje o bebé és tu. Feliz Aniversário.

quinta-feira, abril 15, 2010

Sudoku - jogo popular entre as grávidas



...se não é, passa a ser.
As insónias quando atacam são muito lixadas e trazem danos colaterais, neste caso personificados na minha pessoa.
Exactamente; o sono chega a mim mas ao contrário da constipação que voltou a atacar a Ana, não se pega a ela e o resultado poderá ser visto quando fizerem as Finais Internacionais de Sudoku e a Ana estiver presente e ganhar. Com o treino que tem tido ao qual eu tenho assistido "de camarote", só pode!
Tenho de lhe arranjar mais livros de Sudoku.

Hoje (08/04/10) tivemos outra Ecografia no Hospital da Amadora e a médica teve a mesma expressão que outro médico teve aquando de outra Eco - "Percentil 77... é grande!".
+- 3.200 Kg. E já de cabeça para baixo a alguns meses. Siga.

Esta semana já estou a trabalhar mas preferia estar em casa com eles os três (o gato Patitas também conta).
Dos sonhos desta noite, apenas me lembro de que estava a olhar para a barriga da Ana maravilhado com as formas conforme o bebé se mexia. E com a mão lá encostada a sensação é "deste mundo", linda.
O Mundo cá fora está à tua espera, Gabriel e nós também para te ajudar e tu a nós.

*
Estou a ler um livro do Calvin & Hobbes que adoro e é uma boa maneira de ver como se porta um verdadeiro pestinha e o que os pais sofrem.
Numa visita ao Zoo, o pai segura o Calvin no muro para que ele veja os crocodilos e mesmo que lhe tenha passado pela cabeça em atirá-lo lá para dentro, acredito já soubesse o que poderia acontecer: ou os crocodilos fugiam do Calvin ou ficariam a ser os novos amigos dele, para além do Hobbes.
Mais à frente, o pai surge num quadrinho quando parte à procura do Calvin que se perdeu, dizendo para si mesmo:
- Ser pai é querer abraçar e estrangular o filho ao mesmo tempo!

Não sei o que os pais pensam nos primeiros tempos quando a criança chora, dorme, chora, dorme, chora, chora, dorme... chora...

Fico à espero dos meus momentos com o Gabriel.

domingo, março 28, 2010

As primeiras contracções...


... às 34 semanas levaram-nos ao Hospital da Amadora. A situação grave, requereu observação afim de prevenir um nascimento prematuro.

O diagnóstico foi "Útero Cansado". A Ana ficou internada 3 dias.
Para quem pode, os hospitais e clínicas privadas permitem que se passe a noite com o doente num quarto privado, para quem não pode... fica em casa sozinho e no meu caso com o Patitas (o gato).
Mas agora a minha grávida preferida já está em casa com a recomendação de repouso absoluto, afim de evitar novas contracções antes do tempo. E está quase, assim como o quarto do Gabriel.

A parede da janela que estava laranja foi pintada da mesma cor das outras paredes (marfim) e o tecto branco foi pintado num azul claro (azul confiança). Pintar até é algo que gosto de fazer, pintar paredes mas tectos, nem por isso pois isso implica dores no pescoço e rins. Muitas.
A escolha da tinta é muito importante e até há tintas que não salpicam o que torna a tarefa bem mais fácil. O marfim das paredes foi deste tipo de tinta. No entanto, na escolha que fizemos para a tinta do tecto tivemos em conta a cor (azul confiança), agradável, suave, bonita mas esquece-mo-nos do pormenor dos salpicos.
Eu já havia pintado o tecto. Foi ao fim do dia o que quis dizer que qualquer mancha que houvesse, dada a fraca luz do quarto, só seria visível no dia seguinte. O resultado foi o esperado, visto que fomos comprar outra lata de tinta, rolo e película para proteger o chão.
Quando escolhi a película para o chão, vi num expositor uma protecção tipo fato transparente e sei que olhei para lá duas vezes, o suficiente para ver que havia mais que um tamanho. Não comprei porque já tinha decidido utilizar as mesmas roupas que ainda não haviam ido para lavar.
Nem tão pouco o facto de na vez anterior eu ter ficado sarapintado de azul (óculos, cabelo, boca, dentes), não serviu de aviso. Teimosia? (não sei...)

O tecto só precisou de uma demão e ficou perfeito mas durante a pintura os salpicos nas lentes, embora pequenos, foram os suficientes para eu não conseguir distinguir a tinta da primeira vez daquela que eu estava a aplicar. Para ajudar à festa, de vez em quando eu sentia dores no pescoço e rins, abria a boca num esgar de dor e entravam mais uns salpicos lá para dentro. Lamber os lábios para humedecê-los tinha um estranho efeito de secura. Uma secura azulada!
Comecei a imaginar-me todo azul da cabeça aos pés e veio-me à mente a imagem do Strumpf dos Óculos mas ao contrário porque esse é considerado o "esperto" lá do burgo enquanto eu apenas recebi do personagem a cor.
O barrete branco teria dado jeito porque quando entrei na casa de banho, a imagem que vi reflectida no espelho foi impagável, digna de capa de livro de banda desenhada. De boca aberta, incrédulo do estilo - "Aquele... sou eu...?", fiquei uns segundos inerte, braços ao longo do corpo e naquele momento, senti-me teletransportado para a Strumpflândia, onde quer que ela seja; cabelo, cara, óculos, lábios, dentes, orelhas e não tivesse uma sweatshirt vestida, bem podia emigrar para a Terra dos Strumpfs.

Só me apetecia estar sozinho.
E sem espelhos à minha volta.

A minha grávida evitava rir mas aprovou a pintura.
Pus férias enquanto durar a baixa dela. Repouso e o mínimo de esforço. Eu também fiz algum esforço para tirar a tinta do corpo e aguentar as dores nos rins e pescoço.
Parece que terei de adiar a minha viagem à Terra dos Strumpfs. A minha grávida e o Gabriel são bem mais importantes.
Contudo, há uma questão que me intriga desde os primórdios dos tempos (em que comecei a ler esta banda desenhada):

- Porquê, no meio de tantos Strumpfs, haver apenas uma Strumpfina?




Smurf dos Óculos

sexta-feira, março 19, 2010

Hoje tal como antes, os vegetais são bons...

... mas os tempos, felizmente são outros.

Ainda há pouco tempo, as minhas colegas em conversa acerca das dificuldades com o trânsito intestinal recordavam tempos de outrora em que nas crianças a situação era resolvida à base de azeite e com um talo de uma couve. E não, a solução não era uma sopinha. O tratamento era mesmo à base de talo no rabo.

Já um amigo meu dizia - "A cenoura tem rabo e a couve tem talo!"

Supõe-se que dos outros pedaços da couve, fizessem uma sopa ou as acrescentassem numas couves aporcalhadas (bem bom, aliás) mas de tal facto não se encontra registo nos anais da história.
Ora, assim sendo o registo que se encontra é nos ânus e memória das então criancinhas que sofriam de obstipação ou prisão de ventre. Quando a criancinha tinha dificuldade em obrar (cagar, para os mais leigos), em casa que se prezasse, havia sempre uma couve para fins medicinais, tal como no velho Oeste em que o médico tinha sempre uma garrafa de whiskey para as anestesias.
Mas como não se ía anestesiar uma criança com whiskey e já que estava com dores, a única coisa que servia para suavizar era barrar o talo e o rabinho com azeite e... cá vai disto!

Ouvindo as minhas colegas a falar disso que lhes faziam quando eram crianças e olhar para elas agora, com 42 e 56 anos de idade, a queixarem-se de prisão de ventre e imaginá-las de talo de couve no rabo, não resisti a dizer em jeito de "ajuda provocatória" - "Há por aqui umas mercearias..."
Os olhares que me deitaram, fizeram-me rir mais ainda; não é verdade que muitas das mezinhas de outrora ainda resultam hoje? Então quem achar por bem o tratamento para desentupir o canal... siga!

O que cada um faz com o seu rabo é consigo. Mas por favor... poupem as criancinhas.

Da minha parte, concerteza que darei vegetais ao Gabriel mas garanto que todos em forma de sopa e no rabinho só cremezinho para as assaduras.

Beijo Lindo, Gabriel
GMDTuala