quinta-feira, fevereiro 11, 2010

"Achas que tenho as pernas gordas?", foi a pergunta da manhã no caminho para o emprego da Ana. Não era propriamente a pergunta adequada para alguém que ainda estava ensonado e que prefreriria ter ouvido algo parecido com - "Queres tomar o pequeno-almoço comigo antes de seguires para o trabalho?".

(suspiro) Os encargos, tarefas e responsabilidades de um homem são muitas e lá respondi num tom calmo, ponderado ao mesmo tempo que olhava para o trânsito:
- Repara, Ana... - e ela interrompeu-me dizendo - "É que não as sinto gordas!".
Ainda bem, pensei eu.

É de salientar que já estamos de sete meses apesar de a barriguita continuar não muito grande. Aqui à dias, uma tipa brasileira no emprego dela perguntou-lhe se a barriga não era de gordura e garanto que a não haver uma criança lá dentro, teria levado com a "barriga de gordura" na cabeça vezes sem conta.
Mas, ouvindo o último comentário da Ana, lá continuei a resposta - "... o teu corpo está a sofrer transformações... se os seios não aumentassem não haveria leite para a criança - ao que ela concordou ("Eu sei..."), e as ancas... repara - e aqui a minha mente começou a divagar mas tudo a fazer sentido:

- Vocês mulheres, são as únicas que conseguem uma particularidade interessante no corpo humano ao que no Reino Animal apenas consigo encontrar semelhança...
(e aqui quase eu conseguia sentir na minha direcção, o virar lento da cabeça e os olhos bem abertos da Ana tentando adivinhar o resto da frase)
... semelhança na jibóia só que ao contrário. Eu explico...
(depois de uma tirada destas, só podia explicar!)
... o vosso corpo começa a preparar-se para uma série de acontecimentos como a perda de sangue (que não disse mas só me lembrei agora e é de interesse, portanto aqui fica o registo!), e a capacidade de deslocar as ancas durante o parto. Onde é que entra a jibóia? Enquanto ela desloca os maxilares para conseguir engolir e fica lá com a presa dentro durante não sei quantas semanas, vocês mulheres deslocam as ancas e mandam a "presa", vulgo bebé que ficou aí dentro também uma série de semanas, cá para fora. Por isso eu digo que as grávidas sofrem do Síndrome da Jibóia Só-Que-Ao-Contrário. E daí...
(suspiro enquanto felizmente estamos a chegar ao emprego da Ana)
...ser natural que o corpo sofra algumas alterações para se adaptar ao que aí vem!

Deu para dar umas gargalhadas valentes durante a palestra que dei ao volante. Tenho a certeza de que mais tarde serei novamente bombardeado com a mesma pergunta mas pelo menos hoje, já me tinha safado. Não é por nada mas era a segunda vez que a Ana me fazia a mesma pergunta.

Se há algo de que gosto de ver, entre muitas coisas bonitas da Mãe Natureza, não são as cobras, jibóias e outros rastejantes mas sim o corpo feminino, especialmente o corpo de uma grávida, frente, costas e perfil, para ser mais ou menos explícito. Gosto muito da minha grávida preferida.

Continuo Felizmente Preocupado no Modo Espero-Que-Tudo-Corra-Bem e estarei lá durante o parto dando-lhe todo o meu apoio e se ela deixar de me ouvir (e ver), é porque desmaiei com a emoção e estou todo estatelado no chão, os enfermeiros borrifando-se para o meu corpo inerte porque há algo bem mais importante a acontecer - Gabriel! Gabriel! Gabriel! Gabriel!

O Papito Gosta Muito De Ti.
GMDT

1 comentário:

raulpmartins disse...

Agora é que percebi porque se costuma a dizer que "as mulheres são más como as cobras". Um grande abraço e que tudo corra muito bem.