terça-feira, janeiro 31, 2006

O Futuro dos empregados

A “auto-gestão” e posterior compra pela módica quantia de 1€, por parte de uma funcionária de uma fábrica do Norte do país, é um exemplo de perseverança e vontade de vingar na vida, já de si não muito fácil.

Essa situação faz-me lembrar um caso na última empresa onde trabalhei; houve uma altura em que nitidamente “fizeram a cama” a dois chefes de logística, tendo um saído e outro apenas transitado para uma loja da mesma empresa. Nessa altura, a Logística entrou em auto-gestão, uma vez que não havia um responsável directo. Cada um estava perfeitamente ciente das suas responsabilidades, trocando muitas vezes opiniões com colegas à mais tempo na empresa, sempre tendo em conta o bem comum e o bom funcionamento daquele sector. Não houve um atropelo que fosse entre colegas – curiosidade ou não, senti mais aproximação entre as pessoas.
Estive uma ano e meio na empresa, altura em que as coisas entraram numa fase deveras complicada: foram despedidas 60 pessoas, algumas com 13 anos de casa, tantos quantos eu conhecia a empresa, de trabalhar com ela uma vez que era cliente. De entre os quais, eu próprio recebi ordem de marcha.

A má gestão continuada a que a empresa, e muitas por este país são sujeitas é um facto preocupante. São empresas grandes, médias, com capitais estrangeiros ou não. São trabalhadores portugueses, famílias até. Procuram nada mais do que ganhar às custas da empresa. Não, não falei mal! É verdade – quando a empresa ganha é porque os empregados trabalham bem e ganham por isso. É um ganho legítimo.
Será a auto-gestão a via mais lógica de viabilizar o futuro de empresas e empregados e punir patrões e/ou gestores de meia-tigela, responsáveis por gestão danosa e de encherem os bolsos, sem respeito por todos os outros, sem preocupação pelo bem comum? “Quando a empresa ganha, todos ganham”.
Há muita gente que trabalha bem e merece, mas há quem gira uma empresa da mesma maneira que o faz com a sua vida pessoal: mal e porcamente e egoísta. Não há semana que passe sem que uma das notícias não seja as dificuldades financeiras de uma empresa, falência ou mudança de produção para outro país; existem encomendas, carteira de clientes, vontade dos trabalhadores e qualidade do produto final. As notícias vêm principalmente do Norte do país mas cá por baixo o problema é o mesmo.

A Lei não existe ou não funciona.

Noutra empresa onde trabalhei durante três anos, devia-se à Segurança Social. Quando a situação estava perto de se encontrar regularizada, havia um gasto desmesurado do patrão e voltava tudo à estaca zero. Éramos poucos e bons com bons clientes e vontade para melhorar. Da Gerência – leia-se patrão, a única coisa que existia era a inabilidade para possuir e gerir uma empresa, uma total despreocupação com a qualidade dos equipamentos comercializados, menosprezo para com os clientes e colegas/empregados.
A empresa não ganhava e os empregados também não.
Vivia-se no fio da navalha: os recebimentos dos clientes, os pagamentos a fornecedores, não havia lucro e má politica de marketing.
Trabalhei lá de 2000 a 2003 e apesar das dívidas ao Fisco e Segurança Social, até à data de hoje a empresa ainda existe. Ironia?
A Lei deveria de proteger quem precisa do emprego, quem faz o que gosta e assim ganha o seu e faz a empresa ganhar. Poderá a Lei punir resultados? As pessoas fazem crescer uma empresa mas também são as pessoas que a fazem cair. Os patrões contratam gestores mas têm uma obrigação para com os empregados: de evitar danos e de seguir uma politica de marketing capaz do melhor resultado possível.

A Obrigação da Responsabilidade.

O problema e a solução são o mesmo: as pessoas certas no sitio errado e as pessoas certas no sitio certo.

O Equilíbrio é mantido com Querer, e é complicado de obter.


Qual o segredo de homens como o Belmiro de Azevedo, António Champalimaud ou Jerónimo Martins, capazes de fazer dinheiro? Sabem Gerir!

Eu, apenas sei que para vender é preciso comprar, que é preciso receber e pagar a tempo e horas, que o lucro só deverá de ser contabilizado depois dos custos fixos.

Nisto está o Equilíbrio – Boa Gestão = bons resultados = satisfação geral.

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