terça-feira, janeiro 02, 2007

Fé e Religião

O nascimento de Cristo foi um momento deveras importante na formação de (novas) mentalidades.
A ideia de um ponto único em torno do qual tudo e todos giram, se regem. Uma tentativa de unificação humana em torno de um ideal. “A fé move montanhas”, foi e continua a ser uma frase fulcral para o enriquecimento de uma crença. A ideia de “algo” não-humano, superior ao Homem, é ou era essencial para um maior fortalecimento da crença.
O Divino. Atingível apenas pela crença, fé, obediência nua e crua, sem questionar fosse o que fosse.

Como surgimos, de onde viemos, nós e tudo o que nos rodeia, as pedras, as nuvens, o mar, as árvores, montes e montanhas?

Já antes do nascimento de Cristo, existiam crenças e Fés, muito antes:
- Deuses e deusas, o culto da Mãe-Natureza faziam parte do universo das gentes de então. Todas elas preconizavam a existência de algo “não-humano”, superior, umas mais brutais que outras, mas tendo sempre o mesmo fim: explicar o porquê das coisas serem como eram; explicar o incompreensível.
Dai, à ideia de controlo de gentes, vai um pequeno passo, muito pequeno mesmo – Crê que serás recompensado. Obedece e serás recompensado.
A cristianização do mundo romano é, a meu ver, exemplo disso.
Uma Fé que alastrava com uma força enorme, opunha-se a uma outrora enorme força e fé: a romana. Tornava-se cada vez mais impossível contrapor. O Imperador Constantino, terá então utilizado o tão conhecido ditado – “se não os consegues vencer, junta-te a eles”. O que custava tornar-se cristão? Continuava na mesma a ser o Imperador; não terá contudo, fugido da sua mente, a última parte doutro também célebre ditado – “…mantém os teus inimigos, mais perto ainda de ti”. Durante muito tempo, coabitaram ambas as religiões.
Controlo.
Consoante as raças, a ideia de controlo e / ou Fé, prevaleceu, cada um à sua maneira. Para uns foi Maomé, para outros Deus ou Cristo ou Shiva, Confúcio ou outro que não me lembro neste momento.

Para mim, venha quem vier por bem, seja este um ensinamento tirado de onde tenha vindo; simplesmente porque faz sentido.

Crenças e tradições, andam de mãos dadas. Os hindus não comem vaca porque é um animal sagrado; os muçulmanos não comem porco porque é um animal impuro; os cristãos são como são porque foi assim que lhes ensinaram e os chineses também.
Cada um é como é e faz sentido desde que não haja desvios. Os desvios surgem da necessidade de controlo e gestão de Fé.
Pode parecer duro e cru, mas é a verdade.

Porque não poderá ser possível simplesmente Acreditar e Aceitar que o outro seja como é, sem Obrigá-lo a aceitar outra coisa?
Não!
O desejo de Controlo, Poder, crescia como erva daninha. E era bom!

Tem-se o exemplo (mau!), da Inquisição, das Cruzadas contra o árabe “Pagão”, só porque acreditavam e professavam uma fé diferente. A Entifada (peço perdão se estiver mal escrito!), contra o “Infiel” cristão. Os Descobrimentos também são disso um exemplo com a cristianização forçada dos nativos. Todos lutavam “Por Deus!”.
Na Europa, a promiscuidade entre governantes e igreja católica era brutal. O Poder tinha tudo e obtinha o que não tivesse; alianças faziam-se e quebravam-se com o estalar dos dedos de uma mão.
Assim se escreveram páginas de História, com a sede de Poder em nome da Fé.
Como se a Fé pedisse sangue! Quem o pede ou quem o reclame, não é crente – é fanático!
É o Poder.

Os reis eram os representantes de Deus na Terra. As alianças com a igreja católica foram cruciais para a continuação e implementação do seu poder; a Fé era factor secundário, numas coisas porque noutras tinha papel fundamental como meio de controlar os inimigos…do poder, não da Fé.
Após longas sessões de tortura, qualquer um confessava o que quer que fosse, sendo então os tidos hereges e as bruxas queimados vivos na fogueira.
O Poder Pode Tudo!
Quando a situação não corria a favor deste ou daquele governante, o apoio divino continuava (sempre foi), preponderante. Surge o Anti-Papa.
Tudo a seu belo prazer.

Não sou contra regras ou contra as Leis, mas aceito que cada um acredite no que quiser, que tenha Fé em “alguém” humano ou divino. (Terei para isso, talvez criado as minhas próprias regras ou Leis; não sei). Talvez.

O Poder comanda tudo.
A Fé não comanda nada…ou se calhar até comanda!
“Comanda”, é capaz de não ser o termo certo e daí…sim. Comanda os pobres de espírito que acham (empurrados por outros), que só assim encontram as respostas para as suas perguntas e necessidades. Os outros, os que empurram são os inteligentes, só porque se aproveitam deles. Gostam do Poder sobre os outros. Seitas surgiram, ditando as suas Leis, chamando para si os tais “pobres de espírito”. Critico todos e se calhar, não critico ninguém. Difícil. Porque é sempre Mau, aproveitarmo-nos dos “pobres de espírito”. Milagres existem (ainda não presenciei nenhum, mas gosto de acreditar que existem), ou poderão ser Coincidências. Males regridem e desaparecem.
Se alguém é capaz de os fazer, não deveria publicitar o facto. Devia de fazer, apenas. Em troca, um sorriso bastava.
Era um Lucro Bom.
Jesus Cristo terá dito, “vinde a mim as criancinhas, os pobres e os necessitados, pois deles será o Reino dos Céus” (se não for assim, mais uma vez peço perdão, mas a ideia percebe-se (para o mínimo dos inteligentes)). Não sei se seriam estes por alguma inocência que estivesse inerente à sua condição, mas parece.

Mas não aceito!
Aceito, sim, que irá para o Reino dos Céus (um lugar bom, melhor sem duvida do que ir para o Inferno), quem pratique o Bem e Acredite em algo ou alguém bom. Que tenha Fé, se for mais compreensível assim.
Para mim, Jesus Cristo existiu como UM HOMEM BOM, e se me for permitido (ai de quem disser que não!), acredito assim nele. Filho de Maria e José, e não de geração espontânea, capaz de ter amado quem quer que tivesse sido e que, de certeza, viesse por bem. Ter Fé, Acreditar em “algo” assim é mau? Todos somos capazes de coisas, atitudes boas e de outras menos boas ou más. O que sabemos da história de vida de Jesus Cristo é um rol de coisas e atitudes Boas, mas impossíveis de ser realizadas por um filho de…humanos.
Há pessoas BOAS. Não é possível conceber sequer que outro tipo de atitude ou conduta possa ter sido exercida por ele. Não falo de algo de mau, mas que tenha sido de menos bom. Natural no ser humano. Sim, terá sido possível, mas de maneira nenhuma aceitável no conceito que se pretendia criar de que tudo tinha uma razão de ser e tinha de ser assim sem possibilidade de contrariar. “Deus escreve certo por linhas tortas”.
Tem de se aceitar, ou aceita-se, que Deus quer o Bem do Homem e que o Homem o pratique (para poder ascender ao Paraíso, um lugar bom), porque se não o fizer vai para o lugar mau (O Inferno), onde a sua alma será consumida e o corpo despedaçado vezes sem conta, 24 horas por dia, 365 dias por ano.
Mas como será possível aceitar que “se Deus quiser”, e quando o quiser, levará quem quiser para o seu seio? Tirar alguém que é amado, querido, de outrém?

Não são linhas tortas. São linhas tortuosas.

O Destino, o nosso Fado é o que for ou aquilo que nós quisermos. Talvez uma das minhas Leis:
- Se tivermos Querer, conseguimos, mas só se Quisermos Ter Querer. Outras, podemos adaptar à nossa realidade ou tomá-las tal e qual como são. “Não faças a outro o que não gostas que te façam a ti”. Será a Lei dos Homens (ou de cada um, igual a muitos), “Se te fizerem mal…não dês a outra face. Faz pior!”. Se é correcto ou não…depende de cada um e da sua capacidade de raciocínio. Vale a pena?
A Vingança é um prato que se serve frio (desde o inicio dos Tempos).
Pensar as coisas dá trabalho, pode ser difícil e porventura tortuoso de fazer, e muitas vezes não pensar é a atitude mais facilmente tomada.
Siga.
Foi-nos dada a capacidade de Pensar e por conseguinte Evoluir. Para o Bem e / ou para o Mal. Cabe-nos a nós:
- Ouvir, Assimilar, Aceitar a “não-concordância”, Acreditar, Não acreditar. Observar. Ser. Humano.

Ser, nós próprios, onde e quando quisermos e que ninguém nos diga o contrário. Ser saudavelmente tresloucado. Ter “a dose certa de Loucura”. Loucura Saudável. Fazer aos outros o que gostávamos que nos fizessem. Venha quem vier por bem, porque quem não vier por bem…se calhar leva!
Tudo porque o que gostamos é de estar sossegados. Uns com os outros e por vezes sozinhos. Quem gostar, gosta, e quem não gostar…que coma só as batatas – é mesmo assim!

Há quem acredite que “algo” Superior a nós existe, algo Bom.
Porque existe o Bem, existirá o Mal.
Se, e quando vier…a gente trata dele! Se vale a pena pensar nisso? Há tanta coisa em que pensar…!
Acreditar, sem querer forçar ninguém ao mesmo.
Cada um é como é, desde que ninguém nos chateie.
É preciso não complicar o que já por si não é fácil. Desde que começámos a respirar e a berrar ao mesmo tempo.
Querer Pensar é preciso. Fazer rapidamente algo que for muito chato de fazer, porque mais depressa vê-mo-nos livre dele.

Acreditar em nós. Quem o fizer depois, fá-lo-á em segundo lugar. Será mais um que vem e nos quer Bem.

Viver um minuto de cada vez. E que seja bem vivido e partilhado.

O Tempo passa e desde que comecei a escrever já algum tempo passou. Mas o que importa é se foi bem aproveitado.
Eu sei!

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