domingo, agosto 20, 2006

Coisas da China.




Dois funcionários de uma empresa de electricidade na província de Hunau, chateados por não terem sido convidados para a inauguração de um hotel local, não foram de modas: cortaram a energia e obrigaram duas gerentes a beber até caírem para o lado. Resultado? O corte de energia afectou não só o hotel mas também alguns quarteirões circundantes causando o caos. Por essa é que eles não esperavam; nem tão pouco de serem despedidos e humilhados na empresa que os empregava.

Mas dá que pensar. E se a moda pega?
Isto faz-me lembrar uma história que se passou com uns amigos meus no Algarve, típica da sua maneira de ser e estar – desinibida e divertida (estão em casa).

Meia dúzia de marafados fazia o circuito normal de fim-de-semana, correndo os bares de Albufeira a Albufeira (tipo Monopólio: saindo e voltando à casa de partida mas sem direito a receber 2 contos!). Uns mais tortos que outros, rindo desalmadamente, paródia de todo o tamanho dirigiram-se a uma das muitas discotecas conhecidas da zona. À entrada a fila habitual aguardando a vez. Era o momento de manter a postura diante dos Senhores de Preto à porta. Depois lá dentro…era dançar com as “camones”, camisa fora das calças, uma mão no ar ao ritmo da música enquanto a outra segurava o copo. Paródia saudável à moda algarvia. Que saudades!

Quando chegaram à porta, o habitual “boa noite” e o número – “somos seis”. A experiência dos Senhores de Preto descortinaram um brilhozinho de “olhos de gato encadeado pelos faróis de automóvel” num 6 avos do grupo. Calmamente, foram informados da quantia para entrar e que determinado elemento não poderia entrar.
Espanto sentido à décima potência no elemento acusado de não estar em condições para entrar na discoteca – “Hein…? Quém? Êh não posso entrar? Êêuu?”
Sem muitos alaridos, os restantes (os mais direitos dos tortos), disseram que ele estava bem e não ia fazer mal nenhum, era só para beber um copo (um atrás do outro!) e curtir a música. Mesmo assim a resposta foi a mesma. Mas quem não parou foi o elemento acusado.
- Tu sabes quém êu sôu? Nã sabes? Quérss ver, quérss…? – E de carteira na mão saca de um cartão que mostra aos Senhores de Preto.
Impregnado de calma algarvia, uma figurinha de estatura média, óculos de lentes grossas e aro de tartaruga, gel no cabelo (para atrair uma “camone” menos dotada de vista), de camisa (já com a fralda para dentro), e sapato, exibe de braço esticado com o ar mais importante do mundo, o cartão dos Serviços Municipalizados de Água de Albufeira. Nesta altura já os restantes do grupo riam entre dentes, adivinhando a barrigada de riso que estava prestes a acontecer.
Impávidos e serenos, os Senhores de Preto olharam para o cartão, talvez com alguma vontade de rir mas nunca o demonstrando, continuando a ouvir o discurso do moço:
- Tách a ver? Tách a ver? Nã me déxâas entrar? Ah não…? Se nâ me déxâas entrar corto-te a água da discoteca, aí! É, é…! Vaich a ver! – E volta a mostrar o cartão, abanando-o todo importante.
Não se contendo mais, os outros rebentaram numa barrigada de riso despegado e afastaram-se da porta – “Então a gente leva o gajo, déxa ‘tar. Boa noite.”
O outro pouco convencido, deixou-se levar resmungando – “Êu vou-lhe cortar a água…ai vou, vou! O gajo vai ver! Nâ vai ter água para o gêl…Nã vai haver gêl nas bebidas para ninguém! E descubro onde o gajo mora e corto-lhe a água por um mês!”
Afasta-se brandindo o cartão como uma espada e dizendo – “Tách a ver? Tách a ver?”

Se a moda pega…

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