domingo, janeiro 05, 2014

E.S.F. & A.J.P da Silva (O avô do Gabriel Patrício Palos)


Só soube hoje a meio da manhã quando o avô Augusto subiu cá a casa e me perguntou se eu sabia quem tinha falecido e disse também que eu ficaria triste:
- "Foi o Eusébio que faleceu." - e caiu-me tudo. 
Caiu-me mais pelo avô Augusto.
Não conheci o Eusébio nem tão pouco pude ter a oportunidade de privar com ele, por um bocadinho que fosse mas conheço quem o conheceu e teve algumas oportunidades de privar com ele; e foi a segunda coisa que fiquei a saber a meio desta manhã - foi o avô Augusto.
Quando o meu pai trabalhava na pastelaria Talismã em Benfica, bem perto do Estádio da Luz, algumas vezes depois dos jogos, lá vinha o Eusébio pela rua, já com um andar sofredor de quem deu tudo em campo pelo clube do coração, chegava e pedia ao meu pai para ir lá a casa e levar "umas coisas". E lá ia o Augusto. 
E o Augusto via o Eusébio esticado numa cadeira comprida com gelo nas pernas. E entregava as coisas.

Foi nesta altura que me virei para o meu pai e lhe disse para escrever essas coisas e mais algumas que concerteza haverá na sua história porque era a primeira vez que eu estava a ouvir aquilo. Ele já me tinha contado que via passar alguns jogadores do Benfica que falavam um pouco, também houve uma ou outra "pessoa importante" a vir a casa dos meus pais, alturas em que eu chegaram a estar comigo ao colo.
Isto foi hoje algo que eu soube, provavelmente entre muitas outras, vividas pelo meu pai.

O mais triste e estúpido e tudo isto é que ontem enquanto decorria o minuto de silêncio no jogo do Benfica - Gil Vicente, em homenagem a Manuel Seabra, não sei porque razão, pensei que se fosse pelo Eusébio, em nada seria de silêncio mas de exaltação pelo estádio inteiro do seu nome, alto em bom som, alto, alto, e bem alto gritado com fervor.
E no dia seguinte...

Aguenta coração (Pai).
És Augusto.

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