sexta-feira, junho 20, 2008

Uma vez no Algarve...

Durante alguns anos passei as minhas férias no Algarve mais propriamente em São Bartolomeu de Messines.
Conheci esta localidade através de um amigo meu cujos pais são naturais do Algarve. Fui a primeira vez e tornei-me fã, ainda para mais por ter sido tão bem recebido pela malta jovem de lá e de quem fiquei amigo.

Gente do melhor.

As noites eram passadas sempre em conjunto. Fosse no bar que servia de ponto de encontro onde podíamos ficar pela noite dentro, ou numa saída que chegava a juntar três ou quatro carros, tendo como destino… o que quer que nos desse na cabeça. O que S. Bartolomeu de Messines tem de bom é que fica mesmo (praticamente) no meio de tudo; é só decidir ir para a esquerda ou para a direita.

Numa das vezes que fui lá, saí do bar com um amigo de Lisboa e outro lá da terra, apenas com o intuito de irmos beber um copo a Albufeira:
– Sim…a gente só vai mesmo a Albufeira! É só beber um copo, estamos um bocado e vimos embora. – E era mesmo para ser assim, só que durante o caminho e quase a chegar a Albufeira, não sei porque razão, a conversa foi parar a Espanha e de repente fez-se silêncio quando eu perguntei:
– Espanha? (silêncio)
O meu amigo já me conhecendo não disse nada, mesmo a ver que eu já tinha “uma fisgada”. Dei meia volta e rumei para o desvio em direcção a Espanha só que olhei para o indicador da gasolina e perguntei se havia alguma bomba de gasolina na Via do Infante. Como a resposta foi negativa, voltei a dar meia volta e fui directo às bombas à entrada de Albufeira.
Enquanto eu enchia o depósito, os outros dois foram “mudar a água às azeitonas” e enquanto faziam o servicinho, um dizia para o outro:
– Olha que êu não quero ir a Espanhã! – Ao que o meu amigo respondia enquanto sacudia a tringalha:
– Olha que ele vai! Olha que ele vai! – E ria-se que nem um perdido.

Resultado?
Fomos para Espanha, andámos por Ayamonte pelos bares, falámos com umas raparigas espanholas que quando perceberam que a malta era “tuga” disseram que não entendiam o nosso espanholês e mandaram-nos dar uma curva quando começámos a falar em inglês.
Abandonados mas alegres, encontrámos um bar com música ao vivo e ficámos lá a ouvir a banda espanhola a cantar em inglês e só digo que foi a versão mais divertida que ouvi de “Sultan’s of Swing” dos Dire Straits.
Enquanto eu e o meu amigo algarvio bebíamos as nossas cervejas e riamos da pronúncia do vocalista, rimos mais quando vimos o nosso amigo sentado numa banco de jardim que havia lá dentro, tendo na outra ponta um tipo sentado a olhar para ele com um ar sereno e cândido, digamos que convidativo. O nosso amigo reparou que estávamos a olhar para ele (já há muito tempo!), riu-se à gargalhada enquanto apontava com o polegar para o tipo na outra ponta no banco. Não aconteceu nada com eles (queríamos rir mais e não pudemos!).

A noite chegava ao fim em Espanha e ainda tínhamos o regresso. Fizemos um pit-stop no estacionamento da discoteca Kadok para comer um cachorro-quente ainda a tempo para ouvir uns tipos do norte a dizer mal do Algarve:
– Isto é sempre assim! Não se consegue entrar em lado nenhum! As praias “isto, as praias aquilo” - …toda esta conversa ao pé de um algarvio.
O algarvio só lhes disse:
– Isto nã presta mas tu ‘tás cá sempre, né?

Estava a ver que acabávamos à porrada mas tudo se resolveu com silêncio e umas trincadelas nos cachorros.

Chegámos a bem casa. Na noite seguinte…houve mais aventuras!

(um abraço para Messines)

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