terça-feira, fevereiro 15, 2011

Antes da tempestade

... que são as dores de dentes + uma otite + estar constipado... houve uma muda de fralda que quase não precisava de história a acompanhar porque a Joana Pestana já tinha o Gabe sentado no autocarro expresso, cinto de segurança posto, directo para a Nuvem nº 9.
Quase!

A muda até correu bem; calma e descontraida nos primeiros dois minutos porque depois, descambou para a normalidade. Conversa e as Sombras.
Neste momento, o fraldário está encostado à parede e com a luz do quarto acesa, projecta sombras mesmo pertinho de nós e isso tem sido o meu entretém e dele durante a limpeza do rabito.
Notei a dada altura que o gabe viu uma sombra na parede de uma mãozita pequenita que ele abanava de um lado para o outro. Decidi juntar um dos amigos que me acompanhavam quando era pequeno - o cão. Com a sombra da mãozita do gabe a dançar, lá surgiu na parede um intruso, o Cão Ão, e ele olhou. O Cão Ão ladrou, mordiscou a mãozita dele e até falou, até que o Gabe reparar em algo pelo canto do olho. Exactamente. A minha mão bem pertinho da cabeça dele. Fui apanhado!
- Aaahhh... axim num vale, pá! Ixo é batota... - e eu abanava o dedo à frente dele enquanto o malandro ria e eu também.

A fralda acaba sempre por demorar um bocadito a ser mudada mas a missão é sempre cumprida - um bebé com o rabito limpo.

História?
Sim. Há quase sempre uma história durante uma muda de fralda e começou com o que me lembrei na altura: de uns meninos que estavam a jogar um jogo de tabuleiro. Ao mesmo tempo que conto, tiro-lhe a roupita e acentuo as últimas palavras, olhando nos olhos dele e continuando a contar; a história que contei enquanto riamos conforme eu fazia umas pausas, era do filme Jumanji.
- O jogo que os meninos jogavam era mágico e calhando numa determinada casa, abria-se um portal e de repente, assim do nada, tudo à volta começava a tremer - e eu abanava ligeiramente o copito dele - e surgiam uns animais selvagens a corre desenfreadamente. Depois os meninos encontram um homem selvagem e um caçador.

Ainda há linhas de sobra para o resto da história mas não vou utilizá-las. Posso no entanto adiantar que o resto da foi contada ao Gabe até ao momento em que finalmente, de rabito limpo, fralda nova e roupa vestida, o levantei para irmos embora.
Quero pensar que adorou cada bocadito da história, mesmo com alguns pormenores do avesso. Foi das mudas de fralda mais calmas que já tive.
Adoro falar com ele. Presta cada vez mais atenção às coisas; cada vez que se pega nele, imediatamente as pupilas dilatam e observa tudo em redor.

E no fim dos 8 meses, principio dos 9, o Gabe já se senta, põe de joelhos, gatinha (para trás), para a frente (à crocodilo, rastejando!) e adora o banho; bate com a mão na água e nem se preocupa se fica com água na cara. No mesmo dia em que o vi sentado pela primeira vez em casa da Tia Lena, quando cheguei a casa, sentei-o no parque e fiquei a observá-lo enquanto eu tirava o casaco e a mala. Parecia que olhava para mim e eu ouvia:
- Óia p'a mim, Papito... óia...!



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