quinta-feira, julho 09, 2009

Brüno - Sacha Baron Cohen


Vi episódios do Ali G, vi o Borat e vi o Brüno.

Não estava à espera (sinceramente) de “mais um filme documentário”, independentemente da personagem que ele encarna, um critico homossexual de moda austríaco. O 2º maior austríaco depois de Hitler, segundo ele.
Para além das piadas “à Borat” do costume, ele interage com pessoas da vida real mostrando as reacções às suas perguntas provocantes.
O que não estava à espera era de ver num estudo de mercado / viabilidade para um episódio que o Brüno queria ter na televisão americana, aparecer ele todo nu numa cena em grande plano do pénis a balançar ao ritmo de uma musica. Nem eu, nem as pessoas que faziam parte do painel de apreciação do programa que já nem estavam a gostar dos primeiros dois minutos de episódio.
Já antes, ele tinha aparecido com o companheiro numas cenas íntimas “a dois”, em várias posições sexuais mas recorrendo a rectângulos pretos tapando as partes podengas. Do mal, o menos.

O que tirei de interessante do filme foram as reacções das pessoas, americanos típicos mostrando mesmo a estupidez e o ridículo, ainda maior que a do seu personagem:
- Brüno queria fazer um spot publicitário com o filho dele – uma criança que ele trocou em África por um U2Ipod, “não um Ipod qualquer”, como fez questão de frisar -, no qual ele colocava o seu filho num crucifixo com outras crianças brancas em baixo vestidas de romanos.
Durante o casting das crianças, ele perguntava aos pais se eles se importavam que os seus filhos fossem colocados em cima de máquinas ou ao pé de pessoas que fizessem experiências cientificas com ácido, sem a mínima qualificação e a pergunta pior foi a uma mãe para saber se ela era capaz de submeter a sua filha a uma lipoaspiração se no espaço de uma semana a criança de 4 anos não perdesse 2 quilos. Teria “peso a mais” para o anúncio!
O espanto e estupefacção não está nas questões que Brüno faz mas sim nas respostas dos pais que tudo fazem e dizem para que a sua criança seja a escolhida; todos os pais diziam que SIM! Não se importavam que os seus filhos fossem expostos ao que quer que fosse de perigoso. Incrível.

Outra situação foi perante duas promotoras de eventos de caridade; duas gémeas, miúdas novas caracterizando os “ricos-que-não-sabem-o-que-fazer”. Então, quando ele pergunta se há alguma Guerra ou conflito em que ele possa participar em obras de caridade, uma das mocinhas responde que “há o conflito do Dafar. Pode aproveitar e fazer algo para ajudar as pessoas de lá”.
Ora bem, o Brüno pode ser apenas um personagem característico de algo ou alguém mas quem está por detrás é o Sacha Baron Cohen que parte para as situações com um guião com determinadas perguntas e dependendo das respostas, segue o caminho que mais lhe convier. Ele apanha no ar esta calinada da mocinha e devolve à procedência com uma pergunta ao estilo Brüno, o critico homossexual de moda austriaco:
- Mas esse é o Darfour(4) e já está muito visto. Não haverá, assim um Darfive(5) ?
Seguindo de tropelia em tropelia...
Ele vê que a única maneira de ele se tornar famoso era tornando-se heterossexual e procura ajuda em Pastores de igrejas, especializados em Conversão de Homossexuais. Um deles resiste bem quando Bruno lhe diz que ele "tem uns lábios bons para a mamada", deixando-o sem resposta, com olhar fixo mas recolhendo o lábio superior. Outro Pastor diz-lhe que as mulheres são necessárias apesar de darem chatices e serem complicadas “mas que o homem precisa de coisas chatas e complicadas”. Para eles, Jesus é a solução.
O filme é uma sucessão de cenas entre Brüno e pessoas “normais e reais”, com reacções normais consoante as provocações.
Para mim, um filme “diferente, desnecessariamente explícito”. Ele consegue ser engraçado sem ser parvo. Neste filme, ele é parvo, causa espanto e perplexidade mas ainda consegue fazer rir.
Só vendo (ou não ver de todo!)

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